Nonato Guedes, com agências
O senador Rodrigo Pacheco, do DEM-MG, foi eleito presidente do Senado Federal em votação secreta, ontem, derrotando a candidata independente Simone Tebet (MDB-MS), que nos últimos dias perdeu o apoio formal da cúpula do seu partido. Rodrigo Pacheco venceu a disputa em primeiro turno com um total de 57 votos, bem acima do mínimo de 41, que equivale à metade mais um dos 81 senadores. Tebet recebeu 21 votos. O presidente Jair Bolsonaro obteve um grande resultado com a vitória de Pacheco por ter se empenhado diretamente na campanha do parlamentar, em um momento de forte pressão sobre o governo.
A eleição de Pacheco garantiu a continuidade do domínio do DEM no Senado, já que ele sucede no cargo a Davi Alcolumbre, do Amapá. O DEM perdeu o comando da presidência da Câmara, já que Rodrigo Maia (RJ) concluiu seu mandato ontem, e o eleito foi Arthur Lira, do PP-AL, derrotando Baleia Rossi, do MDB, que tinha o apoio declarado de Maia. O senador Davi Alcolumbre, principal cabo eleitoral de Pacheco, deve continuar com influência na casa. A senadora paraibana Daniella Ribeiro (PP) fez declaração de voto antecipada em Rodrigo Pacheco, considerando-o experiente e preparado para assumir os desafios da Casa na conjuntura atual. O desfecho da eleição, além de favorecer a tramitação de projetos de interesse do Executivo, deve reforçar a blindagem de Bolsonaro no Congresso, no momento em que passam de 60 os pedidos de impeachment contra ele, a maioria relacionada à sua atuação na pandemia.
Participaram das eleições no Senado 78 parlamentares. Jaques Wagner (PT-BA), Jarbas Vasconcelos (MDB-PE) não compareceram por motivos de saúde. Por sua vez, Chico Rodrigues não votou porque pediu licença do mandato depois de ser deflagrado pela Polícia Federal com dinheiro na cueca. Rodrigo Pacheco colheu frutos de uma articulação que conseguiu atrair apoios não só de senadores governistas mas também de oposição, de partidos como o PT, PDT e Rede. Ao longo da campanha, o parlamentar garantiu aos apoiadores que, embora contando com o aval do Planalto, ele estava comprometido com a independência do Senado. Pesou a seu favor, também, o fato de Pacheco demonstrar um perfil considerado garantista, com atuação, inclusive, na diretoria da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais. Isso agradou aos parlamentares que consideram abusivo o modo de atuação da Lava Jato e de outras operações anticorrupção.
Na semana passada, a vitória de Pacheco passou a ser dada como certa depois que a bancada do MDB desistiu de concorrer à eleição com Simone Tebet (MS) em favor de um acordo com Alcolumbre. A campanha emedebista era a única que representava algum tipo de ameaça à do candidato do DEM. Tebet, após a decisão dos colegas de partido, resolveu lançar uma candidatura independente, porém, sem a mesma força de antes. Na segunda-feira, houve outras três desistências de candidatos, horas antes da eleição. Decidiram abandonar a disputa os senadores Jorge Kajuru (Cidadania-GO), Major Olímpio (PSL-SP) e Lasier Martins (Podemos-RS). Este último, ao discursar da tribuna, protestou contra a interferência do Planalto nas eleições internas do Congresso. No discurso, ele citou a liberação, pelo governo, de um total de R$ 3 bilhões em verbas extras para deputados e senadores. “É verdade que ninguém colocou dinheiro nos bolsos mas é verdade também que esta verba derrubada nos últimos dias está fazendo falta para o Bolsa Família e auxílio emergencial, nesta época minguada de recursos do governo federal com o maior rombo da história do Brasil de R$ 743 bilhões de déficit primário”, afirmou Lasier.