A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça julgará amanhã recursos contra a condenação do ex-ministro José Dirceu na Operação Lava Jato. O ex-deputado federal e ex-titular da Casa Civil do primeiro governo de Lula foi condenado a mais de 31 anos de prisão por crimes de corrupção passiva, recebimento de vantagem indevida e lavagem de dinheiro por conta do esquema de corrupção descoberto na Petrobras. A acusação é que José Dirceu usou de sua influência política para indicar e manter Renato Duque, também citado no processo, na diretoria de serviços da Petrobras. Para isso, o ex-homem forte do ex-presidente Lula recebeu valores indevidos sobre os contratos celebrados entre a estatal e a empresa Engevix, que depois contratava a empresa JD Consultoria, de titularidade de Dirceu.
O esquema de influência política acabaria sendo interceptado com a Operação Lava Jato. As investigações levaram Dirceu a se entregar às autoridades policiais em agosto de 2015, sendo solto com tornozoleira eletrônica em 2017. Em 2018, nova prisão, desta vez por um mês. A pena, aplicada pelo então juiz federal Sergio Moro, foi uma das maiores à época. A defesa de Dirceu argumenta no STJ que há razões para a anulação da condenação feita pela Justiça Federal, tal como prescrição do caso, inépcia da denúncia do MPF, cerceamento de defesa e sobre a tipificação dos crimes e o cálculo das penas.
Enquanto isso, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou ontem que não existe nenhuma negociação oficial com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) para ser o vice de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. Em entrevista a O Globo, a deputada federal pelo Paraná ressaltou que as chances de Alckmin ser vice de Lula são as mesmas de qualquer outro indicado. “É a mesma chance de qualquer outro indicado por um partido com que estejamos negociando. Esse processo (de Alckmin como vice) foi muito estimulado por movimentos de São Paulo, envolvendo as eleições para o governo. Mas não tem negociação. Nem entre PT e PSB nem com o ex-presidente Lula. Eu deixei claro para o Carlos Siqueira, presidente do PSB, que não há nenhum pedido do PT ou do Lula para o Alckmin se filiar ao PSB. Não teve convite nem conversa sobre vice”, assegurou.
Gleisi frisou que os “elogios públicos” entre os dois acontecem “como quaisquer pessoas civilizadas fazem”. E completou: “Fomos adversários por muito tempo, mas não somos inimigos. Sempre convivemos num processo democrático. Lula respeita o Alckmin e Alckmin o respeita”. Segundo ela, as conversas em torno do nome de Alckmin partiram de São Paulo, mas assim como o presidente estadual da sigla, Luiz Marinho, disse à “Revista Fórum”, Gleisi Hoffmann afirmou que o nome do ex-ministro Fernando Haddad ainda está sendo avaliado como candidato ao governo do Estado. “Tudo está muito preliminar. É mais do que natural que o PT defenda e lute pelas candidaturas que quer, principalmente a do Haddad, que tem muito potencial em São Paulo. Mas nós não sentamos para negociar”.