Nonato Guedes
Sobre o estilo incansável de atuação política do senador Efraim Filho, do União Brasil-PB, diz-se que ele “continua em campanha”, uma referência à sua movimentação em termos de articulação, tanto com vistas às eleições municipais de prefeito no próximo ano como focando o pleito mais distante, ao governo do Estado, em 2026. O parlamentar entrou no clube das principais lideranças políticas da Paraíba ao se eleger à única vaga ao Senado na disputa do ano passado, derrotando condestáveis do cenário local como o ex-governador Ricardo Coutinho (PT) e uma candidata impulsionada pelo reforço do esquema governista, a ex-deputada estadual Pollyanna Dutra, do PSB, além de abater nas urnas o ex-candidato Bruno Roberto, que se apresentou como o preferido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quando este ainda manejava os cordéis e foi, mesmo, candidato à reeleição, situando-se como o primeiro mandatário a não conseguir novo mandato consecutivo desde que o instituto da recondução vigorou em 1998.
Efraim notabilizou-se, ainda, na campanha de 2022, por protagonizar um “salto triplo carpado”, migrando de forma espetacular, em plena campanha, da órbita do esquema governista liderado por João Azevêdo para a chapa oposicionista encabeçada pelo então deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB). A muitos pareceu suicídio político o gesto de Efraim Filho, tal como se desconfiava das suas chances de ir à frente, com êxito, na empreitada a que se atirou. Afinal, em tese, o panorama afigurava-se extremamente desigual, diante do rolo compressor que foi montado para esmagá-lo no balanço das urnas. O então deputado federal, hoje senador atuante, tinha lá, porém, seus trunfos, além da obstinação que empolgou segmentos do eleitorado paraibano – a exemplo do apoio decidido de líderes do Republicanos que, mesmo votando em João Azevêdo, sustentaram o compromisso de votar nele para o Senado em redutos estratégicos do mapa do Estado. Efraim foi bafejado, também, pela estratégia de dar a largada com antecedência – mais de um ano de distância da eleição, com isto adquirindo espaço para massificar suas propostas, sua imagem e o slogan de “foguete que não dá ré”.
Sua atuação no Senado Federal segue a linha proativa do mandato de deputado federal, encampando bandeiras municipalistas, reivindicações de setores distintos da sociedade e “entregando” obras e equipamentos de interesse público resultantes de recursos das suas emendas apresentadas no Congresso, uma espécie de filão que o credenciou junto a populações de municípios e regiões do interior paraibano. Seu gabinete em Brasília tem portas abertas para receber representantes do nosso Estado que agitam pautas específicas, muitas delas encalhadas nos gabinetes de outros parlamentares. Sua ligação com o empreendedorismo estreitou-se no Senado, pelo campo maior de atuação e de defesa de propostas que beneficiem o segmento. No tocante às posições políticas, ele segue marcando posição, tendo sido o primeiro a subscrever o requerimento propondo a CPMI do 8 de Janeiro por entender que os atos de vandalismo ocorridos em janeiro devem ser investigados, doa a quem doer, para que se preserve a democracia no país como valor sagrado e inviolável.
Listado pela mídia como expoente da “ala independente” do União Brasil na relação com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Efraim Filho não tem deixado de frequentar ministérios e outros gabinetes influentes na hierarquia de poder em Brasília para encaminhar ou reforçar demandas de interesse do povo paraibano. Considera que o governo federal tem dívidas contraídas com a Paraíba que precisam ser resgatadas para que o Estado possa avançar no projeto de desenvolvimento sócio-econômico, principalmente agora, quando descortinam-se oportunidades mediante a exploração do potencial de energias renováveis, com reflexos colaterais no seu progresso. Tem dialogado com ministros e autoridades diversas, colocando os interesses da Paraíba acima de divergências políticas-partidárias ou ideológicas. Em paralelo a tudo isso, chama a atenção o roteiro infatigável de contatos políticos que periodicamente tem desenvolvido em intervalos de fim de semana por inúmeras regiões.
No campo da oposição ao esquema do governador João Azevêdo na Paraíba, o senador Efraim Filho vai se impondo naturalmente na ocupação de espaços, pelo diálogo que mantém com as bases e pelo acompanhamento sistemático que faz das demandas requisitadas. Com isto, ele vai superando o ex-deputado Pedro Cunha Lima e outros virtuais concorrentes no ranking de prováveis cotados para disputar o Palácio da Redenção na sucessão de João Azevêdo. Pedro não jogou a toalha da atividade política mas tem estado fora de evidência, ora por não ter mandato, ora por não participar de algumas articulações políticas preliminares, ora porque está concentrado no retorno à carreira docente. As atenções convergem, então, para a liderança de Efraim Filho, que alia o jogo de cintura com a capacidade de ouvir e, ao mesmo tempo, de dar vencimento a pleitos represados. Evidente que o senador cumpre o cronograma, respeitando o calendário eleitoral. Mas já demonstrou que é político que corre riscos e que age por antecipação, fazendo a hora, como na canção imortalizada, e oferecendo opções para o agrupamento oposicionista que se mantém na resistência.