Legenda escolhida pelo presidente Jair Bolsonaro para disputar a reeleição em outubro, o PL deverá ser o maior beneficiado com a janela partidária que se inicia hoje. Até o dia primeiro de abril, deputados estaduais e federais estarão livres para trocar de legenda, o que promete movimentar o jogo de forças no Congresso Nacional. Depois de ser formalizado pelo Tribunal Superior Eleitoral no mês passado, o União Brasil, fusão entre DEM e PSL, passou a ter a maior bancada da Câmara, com 81 deputados. Pelo menos um quarto desse grupo, porém, deverá migrar para outras legendas, especialmente o PL de Bolsonaro.
A debandada já era previsível desde que o próprio presidente da República deixou o partido ainda no final do primeiro ano de governo. A briga de Bolsonaro com o então presidente do PSL, Luciano Bivar (União-PE), provocou um racha no partido. Os aliados tentaram criar uma nova sigla, o Aliança pelo Brasil, mas a iniciativa não decolou e Bolsonaro escolheu o PL.. Comandado por Valdemar Costa Neto, um dos condenados no mensalão, o partido receberá quase toda a ala bolsonarista que esteve, até hoje, obrigada a permanecer no PSL, já que deputados não podem trocar livremente de filiação durante o mandato. São nomes como Bia Kicis, Carla Zambelli e Daniel Silveira, além de Eduardo Bolsonaro.
Agora, a previsão é que entre 22 e 25 parlamentares migrem para o PL, partido do presidente. Hoje dono da quarta bancada da Câmara, com 42 deputados, o PL deverá chegar a mais de 60 congressistas em abril e saltar para a primeira posição, seguido de perto pelo União Brasil. Em terceiro lugar deve ficar o PT, que não prevê uma grande variação dos 53 deputados atuais com a janela. Segundo apurou o UOL, parte dos deputados que apoiam o governo também deve se transferir para legendas para como o PP, que ocupa hoje a presidência da Câmara, e o Republicanos, que deve atrair parlamentares da bancada evangélica. O União Brasil deve ser afetado não apenas em sua bancada nacional mas também deve enfrentar mudanças regionais decorrentes do processo. Alguns prefeitos de grandes municípios do Sudeste, que haviam sido eleitos pelo DEM, devem deixar a sigla até as eleições.
Estão em andamento disputas locais entre aliados de Bolsonaro para concorrer a governos estaduais. É o caso do Rio Grande do Sul, onde é esperada uma disputa entre Onyx Lorenzoni, atual ministro do Trabalho e Previdência, hoje no União, e o senador Luis Carlos Heinze, do PP. A janela partidária não deve provocar grandes mudanças em partidos de esquerda, que estão, porém, em intensas negociações e disputas estaduais. Um dos nomes que podem deixar o PT é a deputada federal Marília Arraes (PE). Já o PSB, em quatro Estados, se divide entre se aliar aos petistas ou lançar candidatos próprios aos governos estaduais, com chances de vitória. O dilema ocorre em Pernambuco, por exemplo, com João Campos, atual prefeito do Recife, ou em São Paulo, com o ex-governador Márcio França. No Rio Grande do Sul, com o ex-deputado federal Beto Albuquerque e no Espírito Santo com o ex-governador Renato Casagrande. Para evitar uma divisão na esquerda, o PT tentou uma federação com o PSB, o PV e o PCdoB. As negociações avançaram bem até certo ponto, mas esfriaram após um impasse sobre o número de assentos que cada legenda teria no comitê dirigente da possível união.