Nonato Guedes
Em virtude da pandemia de covid-19 que assola o país, diversas cidades brasileiras adotam protocolos especiais nas cerimônias de posse de prefeitos eleitos e reeleitos na disputa de 2020, que também sofreu alterações com o adiamento da realização do primeiro e do segundo turnos, como adequação a normas impostas para evitar aglomerações e casos de contaminação. Rio de Janeiro e Goiânia têm, ainda, circunstâncias excepcionais, conforme levantamento do UOL. Eduardo Paes (DEM), eleito no Rio, não conta com a presença do antecessor na passagem do cargo, já que Marcelo Crivella (Republicanos) está em prisão domiciliar por conta de investigação sobre o QG da Propina, um suposto esquema de corrupção em sua gestão. Como prefeito em exercício no lugar de Crivella foi investido o presidente da Câmara Municipal, Jorge Felipe (DEM).
Na capital goiana, o prefeito eleito Maguito Vilela (MDB) toma posse remotamente, tendo em vista que está internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, por causa das complicações causadas pela covid-19. Maguito ficou hospitalizado na UTI na reta final da campanha, mas ainda assim venceu o senador Vanderlan Cardoso (PSD), no segundo turno. Uma mudança no regimento da Câmara dos Vereadores permite que ele tome posse do hospital, cumprindo o protocolo por meio de gestos, uma vez que está impossibilitado de falar devido a uma traqueostomia. Em São Paulo, Bruno Covas (PSDB) assume o segundo mandato em uma cerimônia com menos convidados do que o habitual. A Mesa Diretora da Câmara paulistana proibiu a presença de público nas galerias da Casa durante a posse e restringiu o acesso ao prédio para apenas um assessor e um convidado de cada vereador eleito.
A Câmara de Vereadores de São Paulo é uma das casas legislativas de capitais que criaram a possibilidade para que os vereadores tomem posse remotamente, como forma de reduzir aglomerações. A cidade estará em bandeira vermelha a partir de hoje, até o próximo dia três. O mesmo se verifica em Salvador, onde ACM Neto (DEM) passa o cargo ao sucessor que conseguiu eleger, Bruno Reis, do mesmo partido. Na capital baiana, os vereadores foram autorizados a optar pela posse virtual, mesmo aqueles que não fazem parte de grupos de risco ou estão contaminados com o novo coronavírus. Além de Bruno Covas, outros nove prefeitos de capitais conseguiram a reeleição e iniciam segundo mandato. (Na prática, o mandato de Covas a partir de hoje é o primeiro como prefeito eleito, uma vez que ele ocupou o lugar de João Doria no atual mandato).
Do grupo dos prefeitos reeleitos fazem parte ainda Alexandre Kalil (PSD) e Rafael Greca (DEM), que venceram em primeiro turno as disputas em Belo Horizonte e Curitiba, respectivamente. Na Paraíba, Luciano Cartaxo (PV) concluiu o segundo mandato à frente da prefeitura de João Pessoa, sendo sucedido por Cícero Lucena (PP), vitorioso no primeiro turno derrotando Nilvan Ferreira (MDB). A candidata lançada por Cartaxo, a ex-secretária de Educação, Edilma Freire, não conseguiu, sequer, avançar para a rodada decisiva. Em Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD) também conclui mandato ininterrupto de oito anos, sendo sucedido pelo candidato que teve seu apoio, Bruno Cunha Lima, vitorioso em primeiro turno. O MDB foi, nacionalmente, o partido que levou o maior número de capitais – cinco ao todo. Em seguida vieram DEM e PSDB, ambos com o comando de quatro capitais. Pela primeira vez desde 1985, o PT ficou de fora dessa lista, não tendo conquistado o comando de nenhuma das principais cidades do país.