O governador João Azevêdo, confirmando as previsões, decidiu não comparecer à reunião de urgência convocada para hoje à tarde em Brasília pelo presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro, Carlos Siqueira, a pretexto de equacionar o impasse no PSB paraibano gerado pela disputa entre aliados do gestor e do ex-governador Ricardo Coutinho. Versões divulgadas pela rádio Correio Sat, através do programa Correio Debate, dão conta de que Azevêdo, ao invés de comparecer ou enviar representantes, optou por enviar, logo mais, um e-mail à cúpula nacional socialista, dando uma espécie de ultimatum para que esta decida quem fica e quem sai do comando da agremiação no Estado.
O presidente Carlos Siqueira havia manifestado o interesse de viabilizar um entendimento entre Ricardo Coutinho e Azevêdo, mas o que ele chama de autodissolução do diretório estadual, com a destituição do então presidente Edivaldo Rosas, que é secretário de Governo na administração de João, agravou o conflito interno e tornou praticamente impossível o reatamento do diálogo entre os dois antigos aliados da campanha eleitoral de 2018, em que o PSB conquistou o governo do Estado no primeiro turno, elegendo, ainda, um senador Veneziano Vital do Rêgo, um deputado federal, Gervásio Maia, e expressiva bancada de deputados estaduais. O senador Veneziano Vital do Rêgo, aliás, atuou até agora como emissário para tentar pacificar o partido e garantir a continuidade do projeto de governo que Ricardo executou em dois mandatos, mas não obteve êxito, aparentemente.
O secretário Edivaldo Rosas, em desabafo proferido no auge da deflagração do rompimento, com a dissolução do diretório estadual, chegou a afirmar: Podem ficar com o partido, sinalizando, na opinião de analistas, que a convivência com o grupo de Ricardo havia se tornado inviável. Parlamentares e outros líderes do PSB local entraram no circuito na tentativa de aparar arestas e promover a reaglutinação interna, invocando como argumento forte a expansão alcançada pela legenda nas urnas em outubro do ano passado, mas não foram ouvidos, principalmente, pelo esquema do governador Azevêdo, que, intramuros, considerou inócua a convocação de uma reunião depois de ter sido decretada uma espécie de intervenção termo que o diretório nacional do PSB evita utilizar. Quando foi abordado por jornalistas, ainda na semana passada, João Azevêdo antecipou que dificilmente iria ao encontro em Brasília, alegando agenda administrativa.
Apurou-se que no final da manhã de hoje o governador passou a reunir na Granja Santana, residência oficial do chefe do Executivo paraibano, integrantes de um Conselho Político informal, na verdade, secretários e políticos de sua confiança, para debater a repercussão alcançada pelos fatos e os inevitáveis desdobramentos. Uma fonte garantiu que a tese dominante foi a de dificuldade de convivência com Ricardo Coutinho e seus liderados. A expectativa, agora, passa a ser quanto ao controle da legenda no Estado, a partir dos ventos que soprarem de Brasília. O ex-governador Ricardo Coutinho, em princípio, mantinha a disposição de comparecer ao encontro.
Nonato Guedes