Em análise publicada na Veja on-line, o economista paraibano Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda no governo Sarney, opina que apesar dos revezes sofridos com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as prisões de ex-dirigentes e líderes parlamentares, o Partido dos Trabalhadores deve lançar candidato próprio a presidente da República este ano, mesmo que seja para perder. No seu ponto de vista, o candidato natural continua sendo o ex-presidente Lula, tendo em vista que não foram forjados outros quadros com potencial para ascender no pleito.
Maílson define a necessidade de lançamento de candidatura a presidente pelo PT como uma atitude de sobrevivência, na conjuntura política nacional, daquilo que ele considera uma das mais bem-sucedidas experiências no campo da esquerda na América Latina a fundação do Partido dos Trabalhadores. Ressalta que o ex-presidente Lula da Silva, embora avançando na tomada de posições no campo da esquerda, tornou-se confiável ao eleitor e venceu duas eleições presidenciais pelo fato de não ser comunista, ao contrário de organizações partidárias de outros países que enveredaram por esse caminho. O desmoronamento do PT, a seu ver, foi produzido como consequência de desvios éticos e morais praticados por expoentes da agremiação, arrolados em casos como o do mensalão e do petróleo.
O ex-ministro concorda com a avaliação de que a liderança do ex-presidente Lula sofreu forte abalo com as condenações impostas tanto pelo juiz Sergio Moro como pelos desembargadores de Porto Alegre, entretanto, considera que ele se mantém como o melhor quadro para enfrentar a disputa eleitoral de outubro. Ainda que Lula seja preso, de acordo com Maílson da Nóbrega, o ex-presidente será um eficiente cabo eleitoral para contribuir para a eleição de bancadas parlamentares, no Senado e na Câmara, e eventualmente influenciar em eleições estaduais nas quais participe de forma autônoma ou mediante coligação. Maílson vê falta de empolgação, junto a parcelas do eleitorado, por parte de candidatos que estão se lançando à disputa de outubro, o que reforça, no seu entendimento, a tese de que Lula não deve ser subestimado no contexto.
Em Brasília, deputados do PT acionaram o Conselho Nacional de Justiça para que o juiz Maurício Marchetti seja punido por postagens ofensivas ao ex-presidente Lula. O líder petista Paulo Pimenta (RS) diz, na representação, que a atitude é incompatível com as altas responsabilidades inerentes ao cargo de magistrado. Ao comentar notícia sobre a condenação de Lula da Silva, o titular da Quinquagésima Nona Vara do Trabalho do TRT de São Paulo chamou o ex-presidente de lixo humano e utilizou, ainda, palavras de baixo calão para se referir a Lula da Silva.
Nonato Guedes
