O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e líder do partido no Senado afirmou, em entrevista à Folha de São Paulo que os petistas e simpatizantes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão dispostos a promover um escarcéu se for levada adiante a ameaça de inelegibilidade da candidatura dele ao Planalto em outubro, diante das duas condenações à prisão que lhe foram imputadas, a primeira delas pelo juiz Sergio Moro, a outra pelos desembargadores do Tribunal Regional Federal da Quarta Região em Porto Alegre. Se for preso, o presidente Lula será um candidato preso, afirmou Farias, definindo a situação de Lula na campanha eleitoral.
Ele alertou para a reação de parcelas expressivas do eleitorado diante do que considera injustiça praticada contra o ex-presidente Lula. Salientou que o registro da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva a presidente deverá ocorrer no dia quinze de agosto, precedido de mobilizações populares que estão sendo enfeixadas em calendário e da apresentação de recursos judiciais destinados a garantir o direito do ex-mandatário de concorrer outra vez. A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, do Paraná, por sua vez, reiterou que não há plano alternativo dentro da legenda para eventual substituição de Lula. O partido trabalha com a perspectiva de registro da candidatura dele e ponto final, expressou.
Gleisi atacou os magistrados que compõem a Corte de Porto Alegre, onde foi ampliada para doze anos de prisão a condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Avalia que houve um posicionamento mais político do que jurídico e preveniu que a opinião pública está extremamente desapontada com o Judiciário, por entender que há uma maquinação para destruir a liderança política de Lula e tentar apagar o histórico de obras para os pobres, decorrente das duas gestões por ele empalmadas. A cúpula nacional petista informou que está em estado de alerta permanente diante da conjuntura e esgota, juntamente com uma equipe jurídica, todas as saídas ou caminhos flexíveis com vistas a preservar os direitos políticos do ex-presidente.
Em matéria de capa na mais recente edição, a revista Veja qualifica como derrota histórica a condenação do ex-presidente Lula, observando que traduz o mais significativo capítulo da desgraça político-policial que o Brasil vive, mas que também é evidência de que o país está entrando em sua maturidade institucional. A publicação dá destaque à declaração do procurador Maurício Gerum, ao narrar em tribunal as obscuras transações do ex-presidente Lula em torno do tríplex do Guarujá: Lamentavelmente, Lula se corrompeu. A Veja ressalta outro aspecto que seria positivo: o de que as investigações da Lava-Jato, apesar de suas eventuais falhas e inconsistências, atingiram um plano de excelência com o qual o país não estava habituado e a Justiça, de modo geral, vem cumprindo seu papel com o rigor que se espera.
Nonato Guedes, com agências
