Fernando Patriota
Vivemos em tempos sinistros, em que a verdade, tantas vezes desafiadora, perde espaço para a mentira emoldurada e com capacidade de destruir a vida de milhares de pessoas, simultaneamente. Hoje, as mentiras são ovacionadas e aplaudidas, enquanto a honestidade luta para encontrar espaço em um cenário catastrófico. O que deveria ser o contrário. O presidente Lula – governo mais bem-sucedido da história do Brasil – precisa gastar muita energia para combater o crime de fake news. E um fenômeno ainda mais estranho acontece; figuras que se definem de esquerda torcem pela queda de Lula. Esqueceram do inferno que foi o (des) governo de Bolsonaro.
De acordo com Fórum Econômico Mundial, a manipulação e divulgação de informações falsas com a intenção de enganar pessoas está entre as maiores ameaças globais para 2025. O documento Fórum, divulgado nessa quarta-feira (15), revela que a desinformação se encontra como a ameaça mais grave a curto prazo (dois anos), representando um risco para a coesão social e governança. Este é o segundo ano consecutivo em que a disseminação de notícias falsas se encontra entre os riscos no topo do ranking. “Em relação a riscos globais imediatos, neste ano, a desinformação está em 4° lugar, atrás de conflitos armados, crise climática e confrontos geoeconômicos”, diz parte do estudo do Fórum.
No palco nojento das mentiras, um dos atores principais desse filme de terror, deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), aproveitou a polêmica envolvendo o Pix e postou um vídeo nas redes sociais, onde fala um monte de mentiras, entre elas essa frase absurda, que diz: “o vilão do Brasil é quem ganha 5 mil reais e não declara para poder sobreviver? Vocês querem mesmo que o brasileiro engula isso?”. Esse é um exemplo clássico e que cabe como uma luva nos estudos verdadeiros do Fórum Econômico Mundial. Essa fake causou um impacto tão negativo na sociedade, que o Governo Federal, temendo um estrago ainda maior, revogou o ato normativo que alterava as regras de fiscalização da Receita Federal sobre transações financeiras.
A mentira, como essa postada por um parlamentar de extrema direita, alcança a fraqueza humana pelo que é fácil e rápido. O mentiroso sempre luta por aceitação e o sucesso da mentira não vêm apenas de quem é enganado, mas também de quem a espalha, ciente ou inconscientemente.
Ao revogar as regras de monitoramento do Pix, o ministro da Fazenda Fernando Haddad, disse que “essa foi a forma que o governo encontrou para tentar evitar a avalanche negativa e para não dar força aos mentirosos”. A meu ver o ministro está correto. Essa questão do Pix seria um poço em fundo, para propagação de mentiras e o Governo Federal tem pautas sociais mais importantes, além de estar preparando o terreno para as eleições de 2026. Já o novo ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, disse que um dos desafios do governo vai ser o combate à desinformação.
Estudos revelam que os conteúdos enganosos têm o poder de manipular opiniões, incitar ódio, prejudicar reputações e até causar danos financeiros. Além disso, podem colocar vidas em risco, como no caso de boatos sobre saúde pública, que levam as pessoas a adotarem práticas prejudiciais ou abandonarem tratamentos médicos confiáveis, como foi feito no governo anterior.
De acordo o Código Penal, em seu artigo 287, “divulgar informação ou notícia que sabe ser falsa e que possa modificar ou desvirtuar a verdade com relação à saúde, segurança pública, economia ou processo eleitoral ou que afetem interesse público relevante: Pena de detenção, de um a três anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave”.