A Polícia Federal e autoridades europeias descobriram que a máfia italiana ‘NDrangueta, considerada a mais poderosa na Itália, tinha uma base montada em João Pessoa, capital da Paraíba, de onde articulava a compra e venda internacional de drogas. Nos últimos anos, a Paraíba se tornou um ponto estratégico para criminosos, como revela uma reportagem do UOL. Deste Estado, a facção articulava operações internacionais de tráfico de drogas, o que levou a uma série de ações policiais conjuntas entre o Brasil e a Europa.
A mais recente, batizada de Conexão Paraíba, apontou detalhes sobre a presença da organização criminosa no Estado e seu impacto no tráfico global de cocaína. O grupo nasceu na região de Calábria, no sul da Itália, e o nome tem origem grega, significando “um grupo de homens de honra”. Hoje, é considerada a organização criminosa mais rica e poderosa da Itália, superando a Cosa Nostra e a Camorra.
Apesar de não haver nenhum vínculo direto, a N1Drangheta mantinha relações comerciais com facções brasileiras como o PCC (Primeiro Comando da Capital) para a aquisição de drogas. Em alguns casos, negociavam também armas de guerra como forma de pagamento. A organização atua no Brasil há décadas. Registros mostram que membros da máfia passaram por Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Paraíba.
Desde 2019, uma cooperação internacional entre Brasil e Itália tem desarticulado redes da organização criminosa. A Operação Conexão Paraíba, por exemplo, apreendeu R$ 120 mil, 30 mil dólares e cerca de quatro mil euros, além de relógios que podem chegar a R$ 200 mil. A escolha da capital paraibana como base operativa se deve, segundo a PF, por ser considerada uma cidade pacata, longe dos maiores centros urbanos do país. Para não serem flagrados, eles usam aplicativos de mensagens de celulares criptografados, ou seja, que não podem ser grampeados.
Na terça-feira, 10, a PF realizou a operação Conexão Paraíba para cumprir oito mandados de prisão preventiva no Brasil e no exterior (até agora, seis foram presos) que atuavam no grupo, originário da região da Calábria italiana e com ramificações em vários países. Segundo a PF, o grupo organizava tudo em João Pessoa por celular, fazendo toda a logística. Muitas vezes a droga saía de outros países, do continente americano, que é o principal fornecedor de cocaína para a Europa.
Entre o material enviado a PF chegou a perceber que eles chegavam a mandar cargas avaliadas em 10 milhões de euros (mais de $ 63 milhões) em contêineres. Capturado em João Pessoa em 2021, Rocco Morabito é um dos principais nomes da N’Drangheta Ele organizava carregamentos de cocaína para as Europa e mantinha laços com o PCC. Após sua prisão, foi extraditado para a Itália em 2022. Antes, em 2007, Morabito foi preso no Uruguai mas fugiu em 2009. Desde 2019, suspeita-se que ele estava escondido no Brasil, passando por São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraíba.