Por Fernando Patriota
Com base nos resultados das eleições municipais do primeiro turno, é urgente a necessidade da esquerda brasileira se aproximar mais do povo, principalmente, das correntes religiosas mais pobres, que são constantemente enganadas por charlatões e falsos líderes de pequenas ou grandes igrejas, sobretudo, evangélicas. É preciso ser mais orgânico que teórico. É preciso deixar as teses um pouco de lado e partir para a rua. É preciso (re)aprender, de fato, a linguagem atual do povo.
A conexão com as classes sociais, especialmente nos momentos em que as crises econômicas e sociais se agravam, é fundamental para que a esquerda se reafirme como a verdadeira voz dos trabalhadores e das minorias, buscando transformar as cidades em espaços mais justos e inclusivos para todos.
Só que as urnas não mentem. Nenhum desses partidos: PSTU, PCB, PCO, PSOL e UP conseguiu eleger prefeitos. O PSOL tenta eleger Boulos, no segundo turno de São Paulo, que seria um banho de água fria no crescimento da ‘direitona’. Enquanto isso, o PSD foi o partido que mais elegeu prefeitos este ano. Ao todo, foram 888 eleitos, 35% a mais do que na eleição passada. É a primeira vez em 20 anos que o MDB não lidera esse ranking de prefeituras; mas o partido vem em segundo lugar, com 861 prefeitos eleitos, um crescimento de 8% em comparação com 2020. O Progressistas aparece em terceiro lugar, com 772 prefeituras conquistadas.
Já o União Brasil é o quarto colocado no ranking, com 589 prefeitos. Juntos, o PSD, MDB, PP e União Brasil somaram mais de 3000 prefeitos eleitos, o que corresponde a mais da metade dos municípios brasileiros. O PL elegeu 523 prefeitos e PT, obteve 251 prefeituras.
Mesmo com uma fala cheia de absurdos e, muitas vezes, com mentiras fáceis de serem descobertas, o fato é que os partidos de direita, extrema direita e centrão encontraram o caminho dos votos. A realidade do Brasil, marcada por profundas desigualdades sociais e econômicas, exige que os partidos progressistas voltem a focar no diálogo com as comunidades, nos bairros, nas periferias e com os trabalhadores. Os sindicatos é outra força que precisa ser ressuscitada.
Nos últimos anos, parte da população, principalmente os jovens, se sentiu distante de debates políticos que pareciam mais voltados para discussões abstratas ou para disputas internas de poder do que para as questões urgentes do dia a dia, como saúde, educação, moradia, transporte e segurança. Para reconquistar essa confiança e conquistar novos eleitores, a esquerda precisa retomar o contato direto com o povo, ouvindo suas demandas e apresentando soluções concretas e viáveis. Além disso, tem que (re)aprender com o povo.
As eleições são uma oportunidade única para os partidos de esquerda se reaproximarem da população, promovendo candidaturas que estejam verdadeiramente engajadas com os problemas locais e que se comprometam a atuar de forma transparente e participativa. Mais do que nunca, é necessário que a política seja feita de baixo para cima, com o fortalecimento da democracia nas ruas, praças e assembleias populares.