Nonato Guedes
O governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), fechará o exercício de 2023 em posição de destaque, tanto à frente da gestão no Estado como na liderança do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste). Em relação a esse último ponto foi emblemática a homenagem da Secretaria de Vigilância em Saúde, em Brasília, ao Consórcio Nordeste, pelas ações de incentivo à vacinação e condução na pandemia de covid-19 com base na ciência. O chefe do Executivo paraibano, naturalmente, dividiu o reconhecimento com os demais gestores da região, dizendo que o Consórcio agiu em favor da vida e que, como resultado, o Nordeste teve, no país, o menor índice de letalidade pela covid-19, destacando-se, ainda, pelo alto índice de vacinação. O secretário executivo do Ministério da Saúde, Swedenberger Barbosa, atestou que os resultados mais exitosos na pandemia foram cravados no território nordestino.
Sobre o primeiro ano da segunda gestão que João Azevêdo está empalmando, havia desconfiança natural da parte de alguns setores, sobretudo da oposição, quanto à repetição da eficiência administrativa no encaminhamento das demandas da população e no enfrentamento de grandes desafios. O governador surpreendeu a todos, até aqui, ao se fazer beneficiário da nova conjuntura implantada no país com a ascensão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cuja candidatura apoiou nos dois turnos. Além de ganhar canais privilegiados de interlocução com o Planalto, que estiveram entupidos por várias vezes na desastrada passagem de Jair Bolsonaro pelo cargo, o gestor paraibano foi bafejado com as novas oportunidades que se abriram para o desenvolvimento da Paraíba, com investimento maciço em energias renováveis e em outros nichos de atividade que acarretam geração de emprego e renda, indiscutivelmente a reivindicação maior de todo o Nordeste para avançar na redução do ciclo de desigualdades econômicas e sociais que se abateu impiedosamente sobre a região.
João Azevêdo tem insistido em celebrar o restabelecimento do pacto federativo, que implica na governança conjunta entre União, Estados, Distrito Federal e municípios, compartilhando experiências inovadoras no campo do desenvolvimento e, ao mesmo tempo, tendo acesso a uma partilha mais justa dos recursos federais, como condição indispensável para a implementação de obras e serviços. Esse pacto federativo foi ostensivamente distorcido no governo do presidente Jair Bolsonaro, que se mostrou submisso a interesses de Estados mais influentes do Sul-Sudeste e Centro-Oeste, penalizando regiões como o Norte e Nordeste. Urgia, na opinião dos governadores prejudicados, uma reação fulminante e eficaz contra a disseminação desse cenário de desequilíbrio injusto e irracional, e essa reação foi sendo construída no âmbito do Consórcio Nordeste, que se organizou efetivamente para defender seus espaços legítimos. Desse ponto de vista, tem sido fundamental o empenho do governador João Azevêdo, que ganhou a confiança dos seus pares para ser alçado à gestão do Consórcio pelo estilo democrático com que se porta e pelas manifestações de solidariedade que externa para com os entes desta região e do país como um todo.
Uma característica positiva no perfil do gestor paraibano é a de não ficar na contramão da História, o que evita a tomada de posições precipitadas, ou, às vezes, incorretas, que produzem um custo elevado para o erário ao invés de contribuírem para a diminuição crescente do custo do Estado sobre a vida do cidadão, que é destinatário das ações e das políticas públicas. No debate que ainda está sendo travado sobre a reforma tributária, em vias de retornar à Câmara Federal para apreciação das modificações introduzidas em discussões no Senado Federal, o governador João Azevêdo não apenas foi ouvido como, realmente, foi à luta, mobilizando-se junto aos demais governadores para construir soluções de consenso que não prejudicassem interesses do Nordeste, mormente nesta conjuntura em que a região avança nos passos encetados para amplificar sua autonomia, que se reflete na capacidade de explorar e se beneficiar das próprias riquezas e potencialidades para a socialização com os habitantes envolvidos na árdua colheita. A nova mentalidade vigente já não permite mais concessões que acabem desviando as prioridades a que a Paraíba e o Nordeste têm direito, e é esta a consciência política predominante na região.
É possível que na campanha eleitoral em que se envolveu no ano passado em busca da reeleição para mais quatro anos de mandato o governador João Azevêdo tenha se advertido ou se conscientizado da imperiosidade de dotar a gestão paraibana de um ritmo mais dinâmico e mais operoso no atendimento das demandas populares, como chegou a ser cobrado, inúmeras vezes, por candidatos como o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB. Mas, independente disso, João Azevêdo parecia estar esperando sinalizações mais auspiciosas que redimissem o Estado e a região das discriminações acumuladas ao longo de décadas. Nesse caso, não se tratava de acomodação ou status de letargia por parte do chefe do Executivo, o que poderia indicar leniência ou insensibilidade para com o equacionamento de desafios. As sinalizações vieram, jorrando como as águas da transposição do rio São Francisco, e o governador procura “surfar” na onda positiva no segundo mandato para coroar até 2026 sua passagem pelo Executivo da Paraíba.