Nonato Guedes
O ex-senador Efraim Morais, expoente do “União Brasil” na Paraíba, avaliou, ontem, em conversa com jornalistas, que a articulação para repatriar o deputado federal Efraim Filho, pré-candidato ao Senado, à base do governador João Azevêdo (PSB), é uma operação “complicada e até mesmo inviável” diante do rumo tomado pelos acontecimentos políticos. Efraim Filho saiu da base por não ter tido acenos de apoio à sua pretensão de concorrer ao Senado, mesmo estando há praticamente um ano cumprindo agenda e fechando apoios. O movimento para seu retorno tem sido agitado por parlamentares e líderes políticos do Republicanos, que mantêm compromisso com ele mas apoiam a reeleição do governador João Azevêdo.
O deputado Efraim Filho, após romper com o esquema chefiado pelo governador, aliou-se ao deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), pré-candidato ao Executivo pela oposição. Eles têm percorrido municípios do interior, em diferentes regiões do Estado, pregando o discurso de construção de uma “nova Paraíba”. Pedro, que é filho do ex-governador Cássio Cunha Lima, tem sido mais ofensivo nas críticas à administração do governador João Azevêdo, enquanto Efraim Filho foca, preferencialmente, nas ações parlamentares com as quais tem carreado benefícios para a população, apresentando-se como um político que “entrega resultados” e que, no Senado, terá espaço para uma atuação mais proativa em favor da Paraíba.
Para o ex-senador Efraim Morais, que chegou a ocupar uma secretaria de Estado na gestão de Azevêdo, faltou diálogo por parte do governante com o grupo do deputado Efraim Filho, no período em que estiveram alinhados, e com outras lideranças políticas que poderiam ter tido voz ativa no processo de formação da chapa oficial. Com a debandada do parlamentar do “União Brasil”, o governador estreitou laços com o Partido Progressistas, que conta com líderes como o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, e o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, irmão da senadora Daniella Ribeiro, do PSD. Aguinaldo passou a despontar como opção para concorrer ao Senado mas acabou anunciando a desistência, numa cerimônia constrangedora em uma casa de recepções da Capital, na presença do próprio governador. Ribeiro comunicou que preferira o caminho da reeleição à Câmara dos Deputados, comprometendo-se a continuar aliado ao governador e a sugerir nomes para a vice-governança na chapa oficial.
O nome que acabou sendo levado pelo PP à apreciação do governador, com possibilidade plena de endosso do PSD, foi o do vice-prefeito de Campina Grande, Lucas Ribeiro, filho da senadora Daniella e sobrinho do deputado federal Aguinaldo Ribeiro. O governador elogiou as qualidades do indicado, mas o processo de consolidação de Lucas não tem sido pacífico, uma vez que o Republicanos vinha pleiteando a vice na chapa, tendo o nome do deputado Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, como um dos mais cotados para o posto. Ultimamente, com a demora quanto a uma definição do governador, Adriano afirmou em evento político que não tem interesse na vice se este for o preço imposto para romper o compromisso de apoio a Efraim Filho. “Prefiro manter a palavra empenhada”, salientou Galdino, num discurso que repercutiu nos meios políticos e foi considerado bastante corajoso. Enquanto isso, não há cogitação de nomes para o Senado, embora políticos como o deputado federal Gervásio Maia, do PSB, tenham se colocado à disposição.
Na opinião do ex-senador Efraim Morais, que em 2002 foi eleito em dobradinha com o então candidato a governador Cássio Cunha Lima, a narrativa da “palavra empenhada” é muito forte e atua como combustível para alicerçar o apoio do “Republicanos” à pré-candidatura do deputado Efraim Filho ao Senado. “Depois de ter um passado um tempo fora de moda, a palavra empenhada voltou a ter força como expressão de coerência, de firmeza de posicionamento”, comentou Efraim Morais ao ser indagado sobre as razões da manutenção do apoio do “Republicanos” a Efraim Filho. Em reunião com o governador, o “Republicanos” apresentou dois nomes para a vice: o do deputado estadual e líder do governo na ALPB, Wilson Filho, e do ex-senador Raimundo Lira. Fontes do círculo oficial externam confiança em que Azevêdo apresentará uma chapa representativa para a eleição majoritária, mas essas mesmas fontes admitem que deve haver aceleração nas decisões.