O deputado federal Wilson Santiago, que perdeu o comando do PTB na Paraíba após intervenção decretada pelo presidente nacional da legenda, Roberto Jefferson, prevê para os próximos dias o que chama de “debandada” de lideranças políticas dos quadros trabalhistas a nível local, não indicando, ainda, qual o rumo a ser tomado ou a agremiação que acolherá esses “dissidentes”. Santiago e o deputado estadual Wilson Filho foram punidos pela cúpula nacional do PTB por não seguirem orientação de alinhamento ideológico com o governo do presidente Jair Bolsonaro. No vácuo da destituição da direção presidida por Santiago, investiu-se no comando, com carta branca, o ex-candidato a prefeito de João Pessoa, Nilvan Ferreira, defensor incondicional de Bolsonaro.
A definição do novo destino do grupo está sendo objeto de debate em reuniões que levam em conta a busca de um posicionamento mais seguro na conjuntura político-partidária brasileira. Wilson Santiago e Wilson Filho não temem complicações na Justiça por abandono do partido, alegando que a migração para outro partido se dá por “justa causa”, diante da mudança significativa na linha ideológica do PTB. Isto os levaria a escapar de sanções disciplinares que implicassem em perda dos mandatos que exercem. Wilson Santiago e seu filho são aliados políticos, na Paraíba, do governador João Azevêdo, que faz oposição declarada ao governo Bolsonaro. “Houve ofertas de vários partidos para o nosso ingresso, e estamos examinando a melhor proposta”, salientou Wilson Santiago, sem fornecer detalhes das articulações políticas.
O novo presidente estadual do PTB, Nilvan Ferreira, que migrou do MDB para a legenda, considera que a saída de Wilson Santiago, Wilson Filho e outros filiados se impunha pela desobediência a normas estatutárias e a princípios que são defendidos pela atual direção do Partido Trabalhista Brasileiro. Nilvan, que deverá ser candidato a deputado federal nas eleições do próximo ano, de acordo com algumas especulações, surpreendeu os meios políticos quando foi lançado candidato pelo MDB à prefeitura da Capital em 2020 e logrou ir para o segundo turno, enfrentando Cícero Lucena, do PP, que saiu vitorioso. Ele deixou o MDB por incompatibilidade com o senador Veneziano Vital do Rêgo, que assumiu o comando do diretório regional com a morte do senador José Maranhão. Para Nilvan, o PTB está fazendo um processo de “depuração” dos seus quadros para promover um alinhamento interno. Ele também continua criticando o que chama de “perseguição política” movida contra o presidente nacional, Roberto Jefferson, que teve sua prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal acusado de incitar atos antidemocráticos.