Líder nas pesquisas de intenção de voto para 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, ontem, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) busca construir uma narrativa em torno de fraude nas eleições para forçar a adoção do voto impresso por medo de ser preso após deixar o Palácio do Planalto. “Hoje a CPI vai revelando a corrupção na compra das vacinas. Bolsonaro desafiou a sociedade. Em algum momento ele será julgado. E é disso que ele tem medo. Essa loucura toda de voto impresso é medo. Bolsonaro sabe que vai perder e tem medo de ser preso, aí fica nessa bobagem”, disse Lula.
De acordo com o ex-presidente, Bolsonaro “sente prazer em contar mentira” e acha que “o povo é tonto, que não tem consciência”. O petista acrescentou: “Temos um presidente 100% irresponsável e 100% mentiroso. Um homem que sente prazer em contar mentira, em tentar enganar o povo. Ele acha que o povo é tonto, que não tem consciência”. Lula ainda reafirmou a disposição de continuar na luta para reconstruir o país. “O Brasil é um país extraordinário. Um povo extremamente generoso, alegre. O país poderia estar muito melhor. Era a sexta economia do mundo, protagonista internacional. Temos um potencial extraordinário. Eu vou continuar brigando pra gente reconstruir nossa democracia”.
Por outro lado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) vai se reunir com os líderes de partidos amanhã, dia 9, e deve propor a votação da PEC do voto impresso para a próxima terça-feira. Ao G1, o deputado Alessandro Molon, do PSB-RJ, afirmou que a oposição “quer votar o quanto antes”, pois, quanto mais demora, “mais avança a escalada golpista de Bolsonaro”. A decisão de Arthur Lira de levar a PEC à votação no plenário foi alvo de muitas críticas, pois a proposta já tinha sido derrotada na comissão especial. Todavia, a oposição acredita que a PEC do voto impresso também será derrotada no plenário. Esta semana, o presidente Arthur Lira fez declarações que soaram nos meios políticos como um alerta ao Palácio do Planalto diante da insistência de Bolsonaro em manobras golpistas.
Disse Arthur Lira: “Não contem comigo com qualquer movimento que rompa ou macule a independência entre os Poderes. Este é o meu papel e não fugirei deste compromisso histórico e eterno. O botão amarelo continua apertado, segue com a pressão do meu dedo. Estou atento 24h, atento todo tempo. Todo tempo é tempo”. Em março, Lira havia dito que o Parlamento tinha acendido “sinal amarelo” e que poderia usar “remédios políticos amargos”. Acrescentou: “Não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o país se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a ser praticados”.