Nonato Guedes
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “muita coisa” terá que ser revisada caso ele volte a ser presidente da República. O ex-presidente informou que é contrário às privatizações que estão sendo realizadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro como as da Eletrobras e Correios. A fala foi durante uma entrevista à Rádio Salvador FM. “Se o governo não sabe administrar, por que é governo? Ninguém precisa de governo para vender as coisas públicas que foram construídas com esforço do povo brasileiro. Muita coisa terá que ser revisada quando a gente voltar ao governo”, disse ele. Lula lidera pesquisas de intenção de voto, hoje, para a corrida presidencial de outubro do ano vindouro.
O ex-presidente criticou a situação do emprego no país e mencionou o recorde no desemprego, com a diminuição dos índices de emprego formal para a população. De acordo com o líder petista, a reforma do Trabalho “abandonou os trabalhadores” e, por isso, precisa ser modificada. Também acentuou que o teto de gastos é desnecessário se há um presidente com compromisso e plano estratégico para governar. “O teto de gastos é uma questão de responsabilidade. Você não pode ter um teto de gastos e deixar o povo passando fome para atender aos interesses dos credores do sistema financeiro”, comentou ele. Lula frisou ainda que governou por oito anos com responsabilidade econômica.
Segundo ele, em um eventual novo governo, não pretende ter teto de gastos. O ex-presidente já havia afirmado que, se eleito, iria acabar com o teto de gastos. Lula também analisou a campanha para as eleições de 2022. O ex-presidente frisou que ainda não é o candidato do PT para a disputa à Presidência. “Quando chegar o momento certo, vamos discutir campanha eleitoral. Aí é outra história”, disse o ex-presidente. Também se referiu à estratégia de Ciro Gomes (PDT) para a eleição. “Eu acho que ele comete um equívoco. Ele é inteligente, é um homem preparado e ataca quem ele quiser. Eu não vou responder ao Ciro, porque acho que cada um faz a política que entende que seja perfeita para ele. Minha política não é falar mal do meu adversário. Minha política é tentar mostrar que Bolsonaro é um desserviço ao país”.
Ainda sobre a campanha, Lula disse que considera que o chamado Centrão não vai se comportar da mesma forma como atua no Congresso Nacional. O ex-presidente considera que quando a campanha eleitoral começar, cada um terá o seu interesse partidário, regional e as suas alianças. Neste momento, segundo Lula, será possível conversar com cada partido, mesmo aqueles que votaram pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. “A história segue, a vida segue e precisamos construir o país daqui para a frente. E as pessoas podem mudar de posição”, asseverou. Lula criticou o presidente Jair Bolsonaro, definindo que ele conta mais de quatro mentiras por dia. “Ele vive disso e não de governar”. O ex-presidente também afirmou que uma terceira via é “muito engraçada”. Para o petista, existe polarização em todos os países do mundo. Ele defendeu que todos os partidos lancem candidatos e que a eleição ocorra de forma justa. “Acho uma piada essa história de terceira via. Parece um programa de calouro, calouro terceira via”, ironizou.