Nonato Guedes
Único governador do país filiado ao “Cidadania”, o chefe do Executivo da Paraíba, João Azevêdo, pediu ‘liberdade’ à cúpula nacional para se posicionar de acordo com suas convicções e avaliações em relação a candidaturas a presidente da República nas eleições do próximo ano, tendo obtido, ao que se informa, reação de compreensão para com a postura que vier a adotar. Em diálogo com o presidente nacional do “Cidadania”, Roberto Freire, e outros líderes da agremiação, o gestor paraibano deixou claro que o pedido de autonomia se justificava diante da iminência de o partido não ter candidatura própria ao Palácio do Planalto, sendo natural, portanto, que viesse a flexibilizar atitudes acerca da conduta de filiados seus.
João Azevêdo, em declarações à imprensa paraibana, já havia manifestado a intenção de apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) num eventual segundo turno contra o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que deverá postular a reeleição. Azevêdo considera inviável qualquer possibilidade de composição com a candidatura do presidente Bolsonaro, por entender que não possui afinidades com o seu ideário nem apoia muitas das medidas que ele tem tomado à frente do governo federal. A gestão de Bolsonaro não tem discriminado o Estado da Paraíba, que conta, inclusive, com o ministro da Saúde atual, o cardiologista Marcelo Queiroga. Mas o presidente já incluiu Azevêdo entre governadores nordestinos que criticou por supostamente não estar alinhado ás suas diretrizes ou às diretrizes do Planalto.
O governante paraibano esteve hoje, em Campina Grande, na véspera da audiência que concederá ao prefeito da cidade, Bruno Cunha Lima (PSD), seu adversário político. A audiência foi confirmada para as 9h de amanhã no Palácio da Redenção, em João Pessoa, e Bruno Cunha Lima prometeu focar a conversa em “pauta prioritária” para a população da Rainha da Borborema. Atenção especial será dada a ações conjuntas na Saúde para enfrentamento da pandemia de covid-19, com aceleração da campanha de vacinação, tendo em vista que a distribuição de doses de imunizantes passa pela responsabilidade da Secretaria Estadual da Saúde. Mas há obras e serviços que, de acordo com o prefeito, precisam de prioridade por parte do governo do Estado. Na visita de hoje a Campina, Azevêdo inspecionou, em companhia de auxiliares e de aliados, investimentos que estão sendo realizados pelo seu governo.
A jornalistas, o governador foi categórico ao dizer não ter conhecimento das versões de que aliados políticos do governo estariam insatisfeitos com seu comportamento e, por isso, estariam abrindo diálogo com o ex-prefeito Romero Rodrigues (PSD), que se lançou candidato ao governo em 2022 com o apoio do presidente Jair Bolsonaro. “Não estou sabendo disso”, reagiu o chefe do Executivo, laconicamente, duvidando das informações, que também foram desmentidas pelo deputado estadual Ricardo Barbosa, líder do governo na Assembleia.
Por outro lado, com relação à sugestão do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP) para que o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do partido, componha a chapa majoritária governista no pleito vindouro, Azevêdo disse que considera natural a manifestação, da mesma forma como disse serem legítimas outras sugestões que têm circulado na mídia e meios políticos. Aguinaldo é referido tanto para a vice-governança na chapa de Azevêdo como para disputar o Senado. O governador pontuou apenas que as definições concretas somente deverão ser tomadas no próximo ano, quando etapas administrativas forem vencidas e houver ambiente propício para discussões políticas.