Nonato Guedes
Ao mesmo tempo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) corteja uma aliança com o MDB para respaldar sua candidatura à sucessão de Jair Bolsonaro em 2022, segmentos do MDB cogitam a hipótese de uma candidatura própria ao Planalto, em coligação com o PSL, partido pelo qual Bolsonaro concorreu à presidência em 2018. O nome em pauta junto a setores emedebistas é o do ex-presidente Michel Temer, que assumiu com o impeachment de Dilma Rousseff, de quem era vice. Dilma acusou Temer de “conspirar” para o que chamou de “golpe” referindo-se à decretação do seu afastamento pelo Congresso Nacional e deixou claro que jamais perdoaria o seu ex-vice-presidente.
As suspeitas de Dilma foram confirmadas no livro recentemente lançado, “Tchau, Querida – O Diário do Impeachment”, do ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (MDB-RJ), que revela detalhes da articulação empreendida junto com Michel Temer para viabilizar o impeachment da ex-mandatária, que foi justificado em virtude do suposto cometimento de pedaladas fiscais à frente do governo, tal como argumentado pelo Tribunal de Contas da União. O ex-presidente Lula, de acordo com o que vazou esta semana, está tentando convencer Dilma a aceitar os entendimentos que ele está mantendo com caciques do MDB, a exemplo do ex-presidente da República, José Sarney. Lula assegura que nem de longe cogita ter um emedebista na sua chapa como candidato a vice e enfatiza que o que deseja mesmo é o tempo de televisão daquele partido, bem como a capilaridade da legenda no território nacional, com diretórios espalhados por vários Estados e regiões.
A revista “Fórum” dá conta de que o PSL e o MDB, por meio de suas respectivas Fundações ou Institutos de Estudos Políticos, estão trabalhando juntos para um programa de ideias para 2022 e que também há possibilidade das duas legendas se unirem em torno de um mesmo candidato à presidência da República. Além de Michel Temer, circulam como possíveis candidatos os nomes da senadora Simone Tebet, do MDB-MS e até mesmo o apresentador José Luiz Datena. Entretanto, a tendência de ambas as siglas é a de apoiar o candidato de outra legenda. O PSL é definido como um partido de extrema-direita. Bolsonaro e seus filhos deixaram a agremiação porque não conseguiram obter o controle da legenda e partiram para tentar fundar outra, a Aliança pelo Brasil, que até o momento não saiu do papel. Bolsonaro tem recebido convites de diferentes partidos, inclusive do PTB, para se filiar a tempo de concorrer à reeleição.