Nonato Guedes
O atual vice-prefeito de João Pessoa, Manoel Alves da Silva Júnior, que tentou atrair o esquema do prefeito Luciano Cartaxo para o projeto de sucedê-lo, sem conseguir êxito, está migrando de volta às origens no processo eleitoral em curso, tendo assegurada a sua candidatura a prefeito de Pedras de Fogo pelo Solidariedade, enfrentando grupos políticos que permaneceram militando ou que emergiram na política local. Médico, ex-deputado estadual e ex-deputado federal, que presidiu a Famup (Federação das Associações Municipais do Estado da Paraíba), Manoel Júnior conseguiu, nas últimas horas, declaração de apoio à sua candidatura por parte do deputado federal Julian Lemos, presidente estadual do PSL e, teoricamente, pré-candidato a prefeito de João Pessoa.
Em declarações à imprensa, Julian Lemos asseverou que Manoel Júnior terá todo o apoio do PSL “por acreditar nesta união exitosa para reconfigurar a política de Pedras de Fogo e modernizar a cidade”. Júnior foi prefeito de Pedras de Fogo em três mandatos, já foi filiado a partidos como o PSDB, o PMDB e, além de vice de Luciano Cartaxo, foi vice de Ricardo Coutinho, na primeira gestão deste em João Pessoa, a partir de 2005. Rompeu com Ricardo alegando falta de espaço na administração municipal e em 2006 elegeu-se deputado federal. Compôs chapa com Luciano Cartaxo na campanha de 2016, em que este buscava a reeleição a prefeito de João Pessoa. Apesar de ter ocupado interinamente a prefeitura da Capital algumas vezes e de ter cumprido certas missões delegadas por Cartaxo, Manoel Júnior desalinhou-se do grupo político do prefeito que está concluindo o segundo mandato em João Pessoa e transferiu domicílio eleitoral para Pedras de Fogo.
Em 2018, ele chegou a se candidatar a deputado federal, sem alcançar resultado favorável. Defensor da bandeira do municipalismo e autor de discussões polêmicas na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado sobre descentralização de recursos para localidades do interior, Manoel Júnior destacou-se como parlamentar em Brasília, tanto pela atuação em Comissões importantes da Câmara Federal como pelo trabalho de bastidores executado junto a ministérios e outros órgãos públicos federais para carrear recursos e benefícios em favor do Estado. Enfrentou atritos com o PT, sobretudo com o ex-deputado federal Luiz Couto, que o acusou de suposta ligação com grupos de extermínio com atuação em Pedras de Fogo e na divisa com Pernambuco, e sempre rechaçou com veemência as denúncias. Ele foi apontado pela mídia sulista como integrante da “tropa de choque” do ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi afastado do cargo e ainda hoje cumpre pena de prisão pelo envolvimento em escândalos.
Manoel Júnior nunca escondeu a pretensão de ser candidato a prefeito de João Pessoa e chegou a enunciar propostas que havia idealizado ou concebido para impulsionar o desenvolvimento da Capital. Sempre esbarrou, todavia, nesse propósito, na resistência de cúpulas de partidos como o PMDB, onde se sentiu marginalizado, embora tenha integrado chapa executiva na condição de representante do partido presidido pelo senador José Maranhão. A disputa eleitoral em Pedras de Fogo com a participação de Manoel Júnior dá sinais de que será pontuada por acirramento, no enfrentamento com adversários que ocupam espaços na realidade da cidade litorânea. Na madrugada da última segunda-feira, 7 de Setembro, a residência do pré-candidato a prefeito de Pedras de Fogo Lucas Romão, do Cidadania, foi alvejada por tiros de arma de fogo, oriundos de integrantes de um veículo ainda não identificado que passaram pelo local. Câmeras de segurança flagraram o momento dos disparos e as investigações ainda estão sendo processadas. Lucas Romão disse esperar que o episódio não tenha conotação política-eleitoral mas frisou que vai acompanhar com rigor e interesse as investigações.