Nonato Guedes
O professor, escritor e ex-secretário de Educação do Estado Iveraldo Lucena faleceu na manhã de hoje no Hospital Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa. Pai da prefeita do Conde, Márcia Lucena (PSB), ele reuniu a família no último domingo para anunciar que não iria mais se submeter ao tratamento contra um câncer de pâncreas que o abatia. Depois de se despedir dos parentes, pediu para ser sedado. “Como não há o que fazer para que eu retome a liberdade mínima que eu estava tendo de levantar da cadeira e ir ao banheiro, por exemplo, decidi que não farei nenhum tipo de intervenção ou tratamento além do que já fizemos. Vou dormir até que o corpo resolva essa questão”, prognosticou.
Iveraldo foi pró-reitor de extensão e assuntos comunitários da Universidade Federal da Paraíba, autor de vários livros e figura destacada nos meios culturais do Estado. Era natural da cidade de Bananeiras e exerceu a Pasta da Educação no governo de Ronaldo Cunha Lima (1991-1993). Márcia informou, em postagem em rede social: “Faremos o velório na granja Pitumirim só para a família, pois não queremos colocar em risco, diante da pandemia, a saúde das pessoas que amamos”. Ela declarou ainda: “Pedimos que emanem sua melhor energia, seu melhor pensamento, sua lembrança mais gostosa para que meu pai possa reforçar sua bagagem. Minha mãe, quando nos viu todos aqui juntos, entendeu sozinha que ele havia morrido. Está serena…Se ela, diante da morte do amor da vida dela está serena, pedimos que todos se inspirem nessa serenidade para que a partida do meu pai seja linda como ele!”.
Dirigindo-se a amigos e amigas, Márcia relatou: “Meu pai morreu fisicamente agora. Estava, a seu pedido, sedado desde ontem e, hoje, como um bom andarilho, parte para sua nova caminhada, do jeito que ele gostava, em uma trilha desconhecida. Vai cheio de amor e verdade!”. No dia 22 de dezembro de 2019, Iveraldo Lucena comandou uma manifestação de apoio e solidariedade à filha, em frente ao presídio Júlia Maranhão, onde ela estava presa, por suposto envolvimento na Operação Calvário (desvio de recursos públicos da Educação e Saúde no governo Ricardo Coutinho). A respeito das acusações, Márcia tem dito que foi presa injustamente, “por algo que nunca fiz e que ainda não foi explicado”. Na sequência, com a determinação judicial para que ela usasse tornozeleira eletrônica, Iveraldo e sua mulher, Iracema, postaram imagens em rede social também usando adereços no tornozelo. Chegou a discursar na manifestação no presídio reclamando de injustiça. “Foi a voz de um homem justo”, salientou Márcia, que continua respondendo ao processo na Operação Calvário.