A suposta concessão do título de “Doutor Honoris Causa”, da Universidade Federal, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se polêmica pelo fato de que o ex-mandatário foi condenado à prisão pelo juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, ainda que a sentença contra o antecessor de Dilma Rousseff não tenha transitado em julgado. O acirramento de ânimos quanto à homenagem a Lula se deu com a publicação, em rede social, de um artigo do professor Alexandre Belo questionando as condições morais de Lula para ser digno da homeenagem. O arcebispo emérito da Paraíba, dom José Maria Pires, contudo, recebeu a prebenda em 25 de setembro de 2013 sem qualquer contestação e foi aplaudido entuasticamente na cerimônia em João Pessoa.
Além das lutas sociais que empreendeu no Estado, posicionando-se ao lado de trabalhadores rurais em conflito com proprietários, dom José firmou convênio que possibilitou a inúmeros estudantes de bilioteconomia participarem da organização do acervo cultural e histórico da Arquidiocese, no período de 1989 a 1992. A atuação pastoral de dom José levou-o a enfrentar o regime militar no Estado. Um detalhe curioso é o de que dom José, natural de Minas Gerais, num primeiro momento, quando da eclosão do movimento que derrubou João Goulart se pronununciou simpático ào movimento de 64. Dele desiludiu-se ao constatar que as promessas não estavam sendo cumpridas e, em paralelo, o aparelho repressor das Forças Armadas e prendeu e torturou militantes de esquerda. O ex-ministro Bresser Pereira assim definiu dom José: “É um homem de posições firmes e claras. Um homem preocupado com a Justiça e pronto para o combate justo”.
Um incidente envolvendo o arcebispo emérito, nos primeiros ano na Paraíba se deu quando foi proposta na Assembleia Legislativa a concessão para torná-lo Cidadão Paraibano. Deputados que atuavam na órbita do governo chegaram a pedir a dom José que distribuísse, antecipadamente, cópias do discurso que iria pronunciar. O prelado reagiu enfatizando que não aceitaria censura ao teor da sua alocução. O projeto ficou engavetado na AL, ate que na época de restauração democrática foi desengavetado. Uma nova comissão de deputados foi ao arcebispo formalizar o convite para prestigiar a sessão em sua homenagem. “Os senhores me desculpem, mas não quero mais honrarias que me sejam oferecidas. O meu compromisso é com o povo, acompanhado-o nas batalhas que enfrenta. “Dom José, sim; tem uma postura firme e obstinada”, revela um deputado reemanescente do período. “De mais a mais já me considero Cidadão paraibano, como o próprio povo assim me define”. O tal discurso nunca foi proferido por dom José Maria Pires. Sobre a Cidadania em si, afiançou que já se considerava paraibano.
Nonato Guedes