Durante a cerimônia de posse da paraibana Tarciana Medeiros, ontem à noite, na presidência do Banco do Brasil, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou o ineditismo de o banco público ter uma mulher no seu comando em “208 anos” de história – na verdade, o BB tem 214 anos de funcionamento. “Será que foram as mulheres que não fizeram por merecer ou será que os homens que não quiseram compreender que as mulheres tinham tanto direito quanto eles? Fico estarrecido de estar aqui hoje na sua frente sabendo que em 208 (sic) anos desse banco, você é a primeira mulher a chegar na presidência”, prosseguiu Lula.
O presidente da República disse ainda que existe machismo e preconceito na direção da instituição. “Eu pensei que tinha machismo no Brasil, mas no BB quem escolhe a direção efetivamente é mais do que machista. Alguns que escolhem a direção devem ser preconceituosos com a mulher”, emendou. Embora tenha criticado a demora para que uma mulher assumisse o comando da instituição, ao longo dos oito anos em que exerceu seus dois mandatos (2003-2010), o presidente não indicou nenhuma mulher para o cago. O chefe do Executivo também atribuiu ao machismo o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
– Eu sei quanto custou o preconceito, vencer muitas vezes o ódio que tomava conta das pessoas que não admitiam avanço e que as mulheres pudessem chegar lá. Tudo isso resultou na queda da presidente Dilma – mencionou. Em seu discurso, Lula pediu que o Banco do Brasil mude o foco para atender pequenos e médios produtores rurais mas admitiu não saber como está o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). “Eu sei que o BB é grande financiador do agronegócio, financia bilhões. A gente precisa voltar a acreditar no pequeno e médio produtor rural porque são eles que mais colocaram alimento na mesa”, afirmou. O presidente voltou a prometer equiparação de salários de homens e mulheres que exerçam a mesma função. Pediu organização ao ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, para que o projeto sobre o tema avance no Congresso.
O mandatário revelou querer que o Banco do Brasil seja “o campeão do crédito consignado”, pontuando: “Quero um Banco do Brasil forte (…) Quero que a gente seja o campeão de crédito consignado e quero mostrar para vocês uma coisa que eu dizia em 2003 e vou dizer agora. O pobre neste país não é o problema, é a solução na medida em que ele é incluído na economia. Vamos incluir o pobre na economia novamente e queremos que o Banco do Brasil cumpra com a sua parte”.
