Nonato Guedes
Adiada por três vezes devido a compromissos oficiais e particulares, a visita do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a Campina Grande, Paraíba, ocorre na manhã de hoje sem as presenças do governador João Azevêdo, do PSB, do presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, também do PSB, e do deputado federal Julian Lemos, do PSL, que já teve relação estreita com o mandatário e dele se distanciou ultimamente. Bolsonaro programou a inauguração, em Campina, do complexo habitacional Aluízio Campos, considerado um dos maiores do país, com atendimento preferencial a famílias de baixa renda. O prefeito Romero Rodrigues, do PSD, é o grande anfitrião do presidente da República.
A vice-governadora Lígia Feliciano, do PDT, representa João Azevêdo, enquanto o deputado Tovar Correia Lima representa a Assembleia Legislativa. Azevêdo chegou a ser alvo de críticas de Bolsonaro num desabafo que ele fez contra o que chamou de “governadores de paraíba”, referindo-se a gestores do Nordeste. O socialista paraibano tem criticado posturas adotadas pelo presidente da República, mas chegou a receber em audiência o Secretário-Geral da Presidência. Junto com os demais governadores, Azevêdo formou o chamado “Consórcio Nordeste”, para aquisição conjunta de equipamentos de interesse público a um custo barato. O “Consórcio”, que já tem dado resultados favoráveis, tem sido criticado pelo presidente Jair Bolsonaro.
No final de semana, o governador João Azevêdo exaltou, em mensagem, a decisão do Supremo Tribunal Federal colocando em liberdade o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores. A soltura de Lula mereceu o repúdio de Bolsonaro, que chamou o ex-presidente de “canalha” numa das mensagens postadas em rede social. Em relação à ausência do deputado Julian Lemos, causou surpresa nos meios políticos, uma vez que, embora tivesse tido desavenças com o presidente e os filhos de Bolsonaro, permanece no PSL e prometeu continuar apoiando o governo na Câmara. O parlamentar justificou, porém, que as divergências com o “clã” familiar do presidente recrudesceram e, por outro lado, disse não concordar que participe da comitiva presidencial o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP), que ele identifica como um dos expoentes do “Centrão” na Câmara. Aguinaldo é irmão da senadora Daniella Ribeiro.
Esta será a primeira visita de Bolsonaro, como presidente da República, a uma cidade importante do interior do Nordeste desde sua investidura no cargo. Apesar do benefício do conjunto habitacional, financiado em cerca de 90% pelo governo federal, o presidente passou a ser criticado nos últimos dias por integrantes da classe política em virtude do projeto enviado ao Congresso e que prevê a extinção de municípios no país. A medida tem sido repudiada, também, pelas Assembleias Legislativas, que pressionam deputados federais e senadores a não concordarem com a proposta formulada pelo Planalto. A Confederação Nacional dos Municípios igualmente protestou de forma enérgica contra a proposta.