O empresário, “imortal” e ex-senador Roberto Cavalcanti, proprietário do Sistema Correio de Comunicação, em declarações feitas hoje à tarde em entrevista ao programa “Correio Debate”, da TV, conduzido pelos jornalistas Hermes de Luna e Lena Guimarães, ao ser instado a comentar a briga política no PSB local, considerou prudente não tomar partido, nem pelo esquema do governador João Azevêdo, nem pelo grupo do ex-governador Ricardo Coutinho. Roberto Cavalcanti disse que, se fosse possível dar um conselho a colunistas e comunicadores do Sistema que dirige, sem pretensão de interferir no ponto de vista de cada um, sugeriria que fosse mantido, ao máximo, o equilíbrio no trato da informação versando sobre a disputa entre os grupos.
Roberto Cavalcanti informou ter testemunhado, ao longo da sua passagem pela Paraíba e à frente do Sistema Correio de Comunicação, variados episódios que confrontaram facções respeitáveis em diferentes partidos, motivados pela disputa de espaços no poder. E salientou ter chegado à conclusão de que, no final das contas, essas divergências acabam “sobrando” para quem não está envolvido diretamente nos conflitos, “diante dos efeitos colaterais que provocam junto a esses setores neutros ou desalinhados”. Pessoalmente, não quis emitir opinião sobre quem tem razão no contencioso que ora se desenrola no PSB, onde foi destituída a presidência do diretório regional, encabeçada por Edvaldo Rosas, que é secretário do Governo João Azevêdo, e em seu lugar formada uma Comissão provisória dirigida por Ricardo Coutinho, com o aval da Executiva nacional do partido.
Na edição de hoje do “Correio da Paraíba”, a colunista Lena Guimarães, sob o título “Só começou”, referiu-se a problemas enfrentados pelo ex-governador Ricardo Coutinho, cujo irmão Coriolano foi delatado pela ex-secretária Livânia Farias como beneficiário de um suposto esquema de propina na prefeitura de João Pessoa, ao tempo em que RC dirigia a máquina administrativa municipal. Investigações conduzidas pelo Gaeco e Ministério Público apontaram que o esquema teria provocado um prejuízo de pelo menos R$ 49 milhões aos cofres públicos municipais. Por sua vez, o ex-governador Ricardo Coutinho, em entrevista a emissoras de rádio do interior, queixou-se de ingratidão e deslealdade que teriam sido cometidas pelo governador João Azevêdo e parlamentares eleitos em 2018.
Enfatizou Ricardo Coutinho que o PSB estava se burocratizando e que ficaria pior com o comando de Edvaldo Rosas, cumulativamente com o exercício de uma secretaria na administração estadual. Lamentou a recusa do governador João Azevêdo e do senador Veneziano Vital em comporem a Comissão Provisória com ele e desabafou: “Quer dizer que eu sirvo para eleger senador, para eleger um governador que há quatro meses da eleição tinha apenas 2% de conhecimento, mas não sirvo para presidir o partido que construí ao longo desse tempo todo?”. O ex-governador, que tem tido o apoio de Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, na queda-de-braço com os aliados de João Azevêdo, prometeu que imprimirá um choque de renovação na legenda a partir de agora, preparando-a para os embates futuros. “Se, nesse processo, eu perder alguns quilos, isso não terá importância; perderei gordura mas ganharei músculos”, comparou.