O deputado Adriano Galdino (PSB), que numa manobra espetacular foi eleito para presidir a Assembleia Legislativa durante dois biênios consecutivos, anunciou que sua gestão focará na transparência de dados e ações na Casa, bem como na redução de gastos. Ele disse que a redução de custos já foi deflagrada pelo ex-presidente Gervásio Maia, empossado como deputado federal, e vai ter continuidade. No campo, ainda, da austeridade, Galdino acenou com a instituição do ponto eletrônico para servidores da ALPB. A reviravolta que possibilitou a vitória de Galdino para comandar a Casa durante os dois biênios instalados ontem foi articulada pelo deputado Tião Gomes, do Avante. Na primeira eleição, Adriano ganhou por unanimidade com apoio das bases da situação e oposição. Na segunda etapa, ocorrida com antecedência, ele venceu numa disputa contra o colega Hervázio Bezerra, que foi líder do governo na gestão Ricardo Coutinho.
Tião Gomes justificou sua atuação como uma resposta ao governo, dizendo que sempre foi fiel a Ricardo Coutinho e que também é fiel a João Azevedo, não entendendo os vetos à sua postulação. Foi por isso que de última hora ele abriu mão da candidatura a presidente para o segundo biênio e lançou a chapa encabeçada novamente por Adriano Galdino, incluindo nomes de governistas como Nabor Wanderley, Bosco Carneiro, além de Felipe Leitão, do Patriota, e Eduardo Carneiro, do PRTB, estes últimos com votos já declarados para Hervázio Bezerra. Apesar de causar surpresa a todos, a proposta de Tião para a confirmação de Galdino também no segundo biênio teve acolhida favorável deste. Galdino obteve 23 votos dos 36, enquanto Hervázio Bezerra contou com apenas 13 sufrágios.
Adriano Galdino ressaltou ter ficado sensibilizado com o gesto propostopor Tião Gomes e revelou que, como presidente, deseja assegurar a governabilidade da gestão de João Azevedo. Sou homem de desafio, por isso resolvi aceitar o apelo de Tião para que me candidatasse para o segundo biênio, contou Adriano Galdino. O governador João Azevedo, ao comentar o processo ocorrido na Assembleia, disse que a base cumpriu o acordo feito para o primeiro biênio mas quebrou o pacto na eleição do segundo biênio. De qualquer forma, asseverou que a relação com a Casa e com os deputados continua a mesma. Não houve derrota nem vitória do governo. Houve um posicionamento da Assembleia Legislativa. Nós tínhamos um acordo entre os membros da base, mas, evidentemente, esse acordo não foi cumprido, reconheceu João Azevedo.
Tião Gomes é conhecido pelo seu estilo trator e já havia tido atuação decisiva no processo que acabou sacramentando as eleições de Adriano Galdino e de Gervásio Maia para presidente na legislatura recém-encerrada. Ontem, Tião chegou ao plenário dizendo: Eu sou terrorista. Ele é detentor de oito mandatos e queixa-se que embora mantenha fidelidade e cumpra compromissos, não tem tido reciprocidade para as suas posturas. A articulação feita por Tião Gomes provocou um racha na bancada governista mas contou com o apoio da maioria dos deputados de oposição. Concluídos os trabalhos, alguns deputados disseram que não há mais grupo de Ricardo ou de João Azevedo na Assembleia, mas uma Assembleia Legislativa independente.
Nonato Guedes