Os ministros do Supremo Tribunal Federal voltam a se reunir hoje em Brasília para decidir sobre a aplicação da pena ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado a doze anos pelo TRF-4 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Há muita controvérsia na área jurídica e o retorno das divisões no âmbito da sociedade entre partidários e adversários de Lula, com manifestações deflagradas por todo o dia de ontem em inúmeras Capitais brasileiras. O voto da ministra Rosa Weber está sendo aguardado com expectativa, já que deverá definir o futuro de Lula, da Operação Lava-Jato e da própria Justiça.
Em reportagem, a revista Veja classifica Rosa Weber como A Senhora do Destino, lembrando que aos 69 anos ela é discreta, só fala nos autos, não dá entrevista, não debate política em público e não mantém contato, fora da agenda de trabalho, com partes integrantes ou interessadas em processos. Seria uma juíza no estilo convencional, que há pouco mais de seis anos no tribunal já atuou em processos de grande repercussão mas quase sempre como coadjuvante. Hoje, fará sua estreia como protagonista, justamente no julgamento do habeas-corpus ajuizado pela defesa do ex-presidente Lula, que pretende evitar sua prisão imediata no caso do tríplex do Guarujá.
Dos onze ministros do Supremo, cinco já deram sólidos indícios de que seriam a favor do recurso do petista e cinco demonstraram claramente que são contra. Caberá a Rosa Weber desempatar a questão para um lado ou para outro. Se o veredicto for favorável a Lula, estará aberto o caminho para livrar da cadeia todos os outros em situação semelhante, como o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, também condenado pelo Tribunal Regional Federal da Quarta Região. Além disso, tornará incerto o encarceramento de outros figurões como os ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu, prestes a ser sentenciados em definitivo em segunda instância. O ex-presidente Lula sustenta a narrativa da vitimologia, considerando-se um perseguido político. Ele estimula as manifestações de rua como forma de pressionar magistrados.
Nonato Guedes