Se for levada adiante a recomendação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para ser posta em pauta emenda decretando o fim da reeleição para mandatos executivos no país, uma das “vítimas” na Paraíba deverá ser o vice-prefeito de João Pessoa, Manoel Júnior, do PMDB. Júnior renunciou ao mandato de deputado federal para ser o vice de Luciano Cartaxo, na campanha em que este disputou a reeleição em 2016 e saiu vitorioso já no primeiro turno. Nos bastidores, tem sido explorada desde a campanha a versão de que teria sido firmado um pacto para selar o apoio do PMDB a Cartaxo: este renunciaria em 2018 para disputar outro mandato eletivo. Por via de consequência, Júnior seria efetivado como titular da prefeitura e teria o direito de concorrer à reeleição em 2020. A emenda Marcelo Castro, se aprovada, cortaria essa possibilidade.
Caso Manoel Júnior venha a ser sacrificado na pretensão de disputar a prefeitura, estará confirmada, incidentalmente, a incompatibilidade do ex-deputado peemedebista para com o cargo de gestor da Capital paraibana. Em 2004, Manoel Júnior, que era deputado estadual, aceitou ser vice de Ricardo Coutinho, compondo a chapa que venceu as eleições à prefeitura pessoense. O estilo centralizador de Ricardo impediu que ele abrisse espaço para influência de Júnior nas decisões. O peemedebista, sentindo-se “escanteado” na administração ricardista, acabou se afastando do cargo e em 2006 candidatou-se a deputado federal, logrando sua primeira vitória para a Câmara. Em 2016, o nome de Manoel Júnior foi cogitado para disputar a prefeitura de João Pessoa pelo PMDB, num período em que prosperou a tese da candidatura própria ou da retomada do protagonismo político, como se argumentou. Luciano Cartaxo, mais hábil e rápido nas decisões, arrebanhou o PMDB para uma composição, acenando com a vice-prefeitura e a perspectiva do vice assumir a titularidade.
Sempre pairaram dúvidas acerca da manutenção do acordo, diante dos rumores de que o senador José Maranhão estaria se preparando para disputar novamente o governo do Estado em 2018, com isso afastando o PMDB de qualquer apoio a idêntica pretensão de Luciano Cartaxo, que é de outro partido. O fim da reeleição provoca uma reviravolta no cenário político estadual, envolvendo, também, o PSDB, que através do senador Cássio Cunha Lima apoiou a candidatura de Luciano Cartaxo à reeleição na Capital em 2016. No ninho tucano, dois nomes são cogitados para concorrer ao Palácio da Redenção: o do próprio Cássio, que perdeu em 2014 para Ricardo Coutinho e o do prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, que foi reeleito igualmente em primeiro turno. A equação se complica mais ainda se for confirmado que Manoel Júnior não terá direito a disputar uma reeleição a prefeito em 2020. As últimas informações sobre mudanças mexeram com os meios políticos paraibanos e abriram campo fértil para a proliferação de cenários os mais distintos.
Nonato Guedes