O ano de 2025 caminha para o fim deixando um saldo claramente negativo para a família Bolsonaro e para o projeto político que gravitou em torno dela nos últimos anos. O discurso de força, bravata e invencibilidade que marcou a ascensão do bolsonarismo contrasta, hoje, com uma realidade marcada por derrotas políticas, isolamento e perda de protagonismo.
O golpe mais simbólico atinge o patriarca do clã. Jair Bolsonaro, que construiu parte de sua imagem pública na retórica do enfrentamento às instituições e na jactância de que “jamais seria preso”, encerra o ano custodiado pela Polícia Federal. A cena tem peso histórico e político: o líder que se apresentava como intocável termina 2025 justamente na condição que sempre negou ser possível. Para seus apoiadores mais fiéis, é um choque; para o cenário político nacional, um marco do esgotamento de um ciclo.
A situação não é melhor para os filhos. Eduardo Bolsonaro, conhecido pelo comportamento agressivo e por atuações frequentemente mais ruidosas do que efetivas, fecha o ano com o mandato de deputado federal cassado. Em um gesto que mistura cinismo e provocação, agradeceu publicamente pela cassação e afirmou que sua “missão” nos Estados Unidos teria produzido bons resultados. O discurso, porém, soa vazio diante do fato concreto: perdeu o mandato e, com ele, espaço institucional e relevância política no Brasil.
Flávio Bolsonaro tenta ocupar o vácuo deixado pelo pai e pelo irmão. Após encontro com Jair Bolsonaro, lançou-se candidato à Presidência da República, numa tentativa clara de manter o sobrenome Bolsonaro no centro do tabuleiro político. A resposta, contudo, foi fria. A candidatura não empolgou nem mesmo a base aliada mais próxima. O apoio que outrora parecia automático hoje se mostra hesitante, quando não inexistente.
Nem mesmo no campo evangélico, tradicionalmente associado ao bolsonarismo, Flávio conseguiu tração. A falta de entusiasmo é reveladora. Lideranças influentes, como o pastor Silas Malafaia, que em outros momentos atuaram como linha de frente do bolsonarismo, não demonstraram disposição para embarcar no novo projeto. O silêncio, ou a distância, fala mais alto do que discursos inflamados.
O que se vê, ao final de 2025, é uma família politicamente fragilizada e um movimento que perdeu o fôlego. O sobrenome Bolsonaro, que já foi sinônimo de mobilização de massas e poder eleitoral, hoje carrega o peso de derrotas judiciais, mandatos perdidos e candidaturas sem brilho. Mais do que um revés circunstancial, o momento indica o desgaste profundo de um projeto político que parece ter chegado ao limite de sua capacidade de se reinventar.
