Em tempos de vozes estridentes, polarizações acirradas e disputas que muitas vezes ultrapassam os limites do diálogo, a atuação pastoral de Dom Delson Pedreira da Cruz se destaca exatamente pelo caminho inverso: a discrição. Arcebispo Metropolitano da Paraíba desde maio de 2017, Dom Delson construiu sua trajetória episcopal sem recorrer a holofotes, evitando embates políticos e priorizando aquilo que considera essencial à missão da Igreja: o serviço, a fraternidade e o diálogo.
Membro da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap), Dom Delson traz consigo o carisma franciscano, inspirado nos ideais de São Francisco de Assis. Essa espiritualidade se reflete em um pastoreio simples, marcado pela escuta atenta, pela proximidade com o clero e pelos gestos silenciosos de cuidado com o povo. Não é um arcebispo de discursos inflamados nem de polêmicas públicas. Sua presença se faz sentir mais pela constância do trabalho do que pela retórica.
Natural de Biritinga, no interior da Bahia, Dom Delson nasceu em 10 de julho de 1954. Ingressou na vida religiosa ainda jovem, em 15 de janeiro de 1975, quando entrou para a Ordem Franciscana. Sua formação acadêmica revela um perfil atento à comunicação e à linguagem: estudou Filosofia e iniciou a Teologia no Seminário São Francisco de Assis, em Nova Veneza (SP), concluindo os estudos teológicos no Instituto de Teologia da Universidade Católica de Salvador. É mestre em Ciência da Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Salesiana de Roma e graduado em Letras pela Universidade Católica de Salvador.
Ordenado sacerdote em 5 de julho de 1980, na Arquidiocese de Feira de Santana, Dom Delson percorreu um caminho de serviço pastoral até ser ordenado bispo, na mesma arquidiocese, em 24 de setembro de 2006. A experiência acumulada ao longo dessas décadas moldou um perfil episcopal sereno, que valoriza a unidade da Igreja e a comunhão entre seus membros.
Ao assumir a Arquidiocese da Paraíba, em 20 de maio de 2017, Dom Delson manteve essa linha de atuação: presença constante, postura conciliadora e fidelidade aos ensinamentos da Igreja Católica. Seu episcopado não se confunde com ativismo político nem com alinhamentos ideológicos. Ao contrário, é pautado pela convicção de que a missão da Igreja passa pelo testemunho cristão, pelo cuidado pastoral e pela promoção da fraternidade.
Em um cenário nacional em que líderes religiosos frequentemente são pressionados a se posicionar em disputas partidárias, a escolha de Dom Delson pela discrição não representa omissão, mas coerência com sua espiritualidade franciscana. Seu estilo reafirma que o silêncio também pode ser eloquente — e que o verdadeiro pastoreio, muitas vezes, acontece longe das manchetes, mas perto das pessoas.
