A cena de uma freira correndo pela orla de João Pessoa chamou a atenção da imprensa local, sempre ávida pelo que viraliza nas redes sociais. A curiosidade, no entanto, não se voltou para o gesto em si, uma mulher participando de uma corrida de rua, mas para o traje: como alguém consegue correr, sob o calor forte da capital paraibana, usando um hábito religioso? Foi essa a pergunta insistente dos jornalistas ao abordarem a irmã Rosineide.
Mas, se a curiosidade da mídia parecia limitada ao exotismo da imagem, a resposta da freira elevou o debate a outro nível. Com serenidade, ela explicou que o hábito não era peso nem obstáculo. Era, na verdade, parte de quem ela é e do que deseja comunicar ao mundo.
Disse a irmã Rosineide: “Meu hábito é parte do que eu sou, ele é parte também daquilo que eu quero evangelizar. O hábito nos aproxima das pessoas, nos aproxima do povo de Deus. O nosso carisma enquanto irmãs diocesanas é sermos elo, é unir o coração do povo ao coração de Cristo. Precisamos estar em todos os lugares, até mesmo nas corridas na orla, sendo esse sinal da graça de Deus para o povo”.
Em outras palavras, enquanto muitos enxergaram um incômodo, ela enxergou uma missão. Enquanto a mídia buscava o inusitado, ela ofereceu sentido.
E essa talvez seja a beleza do episódio: num cotidiano saturado de superficialidades, a freira lembrou que símbolos ainda importam. Seu hábito, longe de ser apenas uma peça de roupa, tornou-se ponte entre a fé e a vida comum, entre o sagrado e o ordinário, inclusive no asfalto quente de uma corrida de rua.
O que poderia ter sido apenas uma notícia curiosa revelou algo maior: a capacidade de uma presença discreta, mas coerente, de provocar reflexão. Em tempos em que a imprensa se alimenta de viralizações, a irmã Rosineide devolveu profundidade ao que seria apenas espetáculo.
Talvez o que realmente tenha surpreendido não seja ela correr com um hábito.
Surpreendente é perceber que, mesmo nas rotas mais improváveis, a fé continua encontrando caminho para tocar pessoas.

Excelente, o cotidiano de uma cidade plural se enriquece com essa presença vocacional. Poderia dizer mais da instituição da qual ela faz parte.