A abertura da Semana Literária da Casa MGA, realizada na noite desta quarta-feira (26), reuniu leitores, escritores e amantes da literatura em um encontro marcado por diálogos, reflexões sobre o processo criativo e incentivo à leitura. A escritora paraibana Marília Arnaud, uma das vozes mais consistentes da literatura contemporânea brasileira, conduziu a conversa que abriu oficialmente a programação do projeto.
Mediado por Maria Eduarda, criadora do perfil nas redes sociais ‘Maria da Livraria’, e pela arquiteta e designer Renata Gadelha, o encontro destacou aspectos da escrita de Marília, seu estilo próprio e as inspirações que permeiam sua obra. A autora compartilhou histórias pessoais, falou sobre o peso e a potência das memórias familiares em sua literatura e comentou como esses elementos se transformam em narrativa.
“Nunca consegui sair da família. A família me pegou”, afirmou a autora, ao explicar como suas lembranças e experiências cotidianas atravessam sua produção literária. Como exemplo, citou a cidade fictícia de ‘Nossa Senhora das Pedras’, cenário de seu livro ‘Esboço em Pedra e Sonho’, inspirada no município de Pombal, no Sertão paraibano, terra natal de sua família materna.
A escritora também destacou a literatura como um espaço de elaboração do humano. “Difícil é construir o humano”, disse, ao responder sobre os desafios de criar personagens verdadeiros e emocionalmente complexos.
Ela contou ainda que se identifica com o arquétipo do “escritor jardineiro”, que diferente do “escritor arquiteto”, deixa as histórias se desenvolverem sem um planejamento detalhado ou um roteiro fixo. “Eu deixo os personagens ganharem vida, traçando sua história. Gosto de vestir a pele dos meus personagens”, ressaltou.
Durante a noite, Marília também reforçou a importância da leitura como base de qualquer trajetória literária. “Para escrever bem, é preciso ser primeiro um leitor. Ler muito e ter também o hábito de escrever, unindo disciplina, prática diária e contato constante com diferentes obras e autores”, frisou.
