A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) realizou sessão especial para debater sobre a população em situação de rua da Capital. A solenidade reuniu membros de entidades que atuam com essa comunidade e foi proposta pelo vereador Tarcísio Jardim (PP).
O parlamentar falou sobre a importância de debater o tema. “Essa questão das pessoas em situação de rua é uma problemática nacional. Vemos, principalmente nas capitais, que esse problema vem crescendo muito. Hoje, João Pessoa também enfrenta essa realidade e observamos que os órgãos públicos não tomam medidas eficazes, apenas paliativos, como fornecimento de alimentação, banho, medidas humanitárias, que não resolvem o problema, pelo contrário, incentivam ainda mais essas pessoas a continuarem nas ruas. Então, buscamos realizar essa sessão para tratar sobre o assunto, junto às entidades que atuam com essas pessoas, para tentar levar aos órgãos competentes, no intuito de buscar soluções”, afirmou.
Tarcísio Jardim acrescentou ainda que, atualmente, as pessoas que desejam sair das ruas não têm para onde ir. “A Prefeitura de João Pessoa não tem como acolher essas pessoas. Os dependentes químicos não dispõem de tratamento adequado por parte da Gestão Municipal, então, nós não temos como implementar políticas mais severas de controle, se nós não estamos fornecendo o mínimo. É uma determinação legal que o poder público forneça as ferramentas e os meios necessários para que essas pessoas saiam dessa condição”, colocou.
Vitor Hugo Castelliano, secretário municipal de Turismo, falou que a problemática das pessoas em situação de rua causa um grande impacto no turismo da cidade. “Nós não conseguimos fazer turismo, principalmente nas belezas naturais que temos na cidade, sobretudo na orla, com os moradores de rua ocupando os espaços. Nós estamos tratando com as secretarias responsáveis, para que possamos resolver essa problemática. A cidade dispõe de uma casa de acolhimento em Manaíra, onde estamos fazendo todo um trabalho para poder acolher essas pessoas e proporcionar tratamento médico, psicológico, para que essas pessoas possam voltar à sociedade com dignidade”, destacou.
Nivaldo Vilar, presidente da CDL/JP, disse a situação é deprimente. “Estamos vendo a situação do Centro da cidade, com muitas lojas fechadas. Estamos buscando, junto à Prefeitura e ao Governo do Estado, assim como a CMJP e outras entidades, ações que visem melhorar a frequência no Centro. Com relação aos moradores em situação de rua, têm que ter a ajuda dos poderes públicos, para que possamos copiar o que já foi feito em outros lugares e que deu certo”, pontuou.
“Muitas vezes nós somos hipócritas, porque vemos a situação e consideramos aquelas pessoas invisíveis. Temos que abraçar essa causa de forma disciplinar, para que, juntos, possamos resolver essa situação”, ratificou o Coronel da Polícia Militar, Alisson Simões.
Edilene Brandão, representante da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (Sedhuc), falou que a pasta já trabalha a questão das pessoas em situação de rua. “É um problema latente, que a Gestão Municipal tem enfrentado diariamente. O município tem garantido o acompanhamento dessa população. Eles não estão soltos, estão mapeados, e nós sabemos exatamente onde estão os pontos, onde tem mais pessoas em situação de rua”, afirmou.
Roberto Cavalcante, coordenador da Casa Mãe da Ternura, disse que a população de rua nos dá duas sinalizações. “A primeira é que são almas, vidas que precisam ser cuidadas; a segunda é de que algo não está sendo feito. Muitas pessoas que estão nas ruas, estão lá com os seus sonhos apagados e com a esperança diluída. Nós precisamos estender as mãos para que elas possam levantar, entrar no sistema e sair do sistema com a sua dignidade e a sua esperança restauradas”, ratificou.
“Nós podemos, enquanto poder público, abraçar as instituições que atuam com as pessoas em situação de rua para encontrar uma solução, porque do jeito que está, não pode ficar. O lugar das pessoas não é na rua, elas precisam ter dignidade, e eu proponho que a gente faça isso. Se nos unirmos, eu não tenho a menor dúvida de que, além dessa realidade de pessoas dependentes de drogas, a realidade das pessoas em situação de rua também será modificada”, concluiu o vereador Raoni Mendes (DC).
Cybele Morais
