Muitos apoiadores de Jair Bolsonaro enxergam como injusta a sua condenação por tentativa de golpe. No entanto, basta uma análise honesta dos fatos para perceber que a decisão do Supremo foi correta e necessária para a defesa da ordem constitucional.
Bolsonaro disputou a reeleição e perdeu para Lula. Até aí, nada além do jogo democrático. O problema surgiu quando, inconformado com o resultado das urnas, o então presidente passou a tramar alternativas para permanecer no poder. Reuniu assessores, discutiu cenários e cogitou não passar a faixa ao eleito. O próprio presidente do PL, Valdemar Costa Neto, admitiu que houve planejamento de um golpe, ainda que este não tenha se consumado.
As tentativas, contudo, foram várias. O inquérito da Polícia Federal demonstra que até os acampamentos diante dos quartéis integravam a estratégia de ruptura institucional. Se as Forças Armadas tivessem embarcado na aventura, a democracia brasileira teria sido golpeada de forma irreversível e Bolsonaro ainda estaria no comando do país.
Diante desse conjunto robusto de provas, coube ao Supremo enquadrar juridicamente a conduta do ex-presidente. Não se trata de perseguição, mas da aplicação da lei a quem ousou atentar contra a República. A verdade é que, se tivesse agido com juízo, Bolsonaro teria reconhecido a derrota, respeitado a soberania do voto e aguardado o próximo pleito para tentar voltar ao cargo.
É bom deixar claro: tentativa de golpe também é crime. E a democracia só se fortalece quando os que a afrontam são responsabilizados.
Foto: STF
