A líder camponesa e educadora popular Elizabeth Altina Teixeira, ícone da luta pela reforma agrária no Brasil, foi homenageada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) com o título de Doutora Honoris Causa. A solenidade emocionante ocorreu na tarde da última sexta-feira (18), no auditório da Reitoria da instituição, e marcou um ato de reparação histórica à trajetória de coragem e resistência de uma mulher símbolo das Ligas Camponesas.
Com 100 anos de idade, Elizabeth foi recebida com grande comoção por uma multidão de admiradores, familiares, amigos, professores, estudantes e representantes de movimentos sociais do campo. Um corredor de honra formado por homens e mulheres com chapéus de palha e bandeiras das Ligas Camponesas abriu caminho para sua entrada. Ao som da canção “Marcados para Viver”, de Adeildo Vieira, interpretada pelo Coral Voz Ativa, o público levantou-se em aplausos e emoção.
A homenageada chegou ao local acompanhada pelas netas Ana Raquel e Juliana Teixeira, que a conduziram em sua cadeira de rodas até o palco principal. O reconhecimento foi conduzido pela reitora da UFPB, Terezinha Domiciano, que presidiu a solenidade ao lado da vice-reitora Mônica Nóbrega e de uma mesa composta por representantes de centros acadêmicos e de movimentos sociais como a Comissão Pastoral da Terra e o Movimento dos Sem-Terra.
A entrega do título à paraibana natural de Sapé foi marcada por discursos que reiteraram a importância histórica de Elizabeth Teixeira na luta por justiça social no campo. A professora Iranice Muniz, responsável pelo discurso panegírico, relembrou a trajetória de Elizabeth à frente das Ligas Camponesas após o brutal assassinato de seu esposo, João Pedro Teixeira, em 1962. “Mesmo com a alma ferida, Elizabeth ensinava com ternura e nunca se deixou vencer. Esta honraria simboliza nossa gratidão, reconhecimento e compromisso com a memória do campesinato brasileiro”, afirmou.
Durante o evento, sua neta Juliana emocionou o público ao relembrar os duros momentos vividos pela avó: as perseguições durante a ditadura militar, os anos na clandestinidade, a separação dos 11 filhos e a dor pela perda de três deles. Ela também destacou o papel de Elizabeth como educadora popular e símbolo de resistência das mulheres camponesas.
A cerimônia contou ainda com a presença de uma comissão de honra feminina formada pelas professoras Iranice Muniz (CCHSA), Maria do Socorro Batista (Centro de Educação), Gislaine da Nóbrega (NIPAM) e Roberta Candeia (Centro de Ciências Jurídicas), reafirmando a força das mulheres no protagonismo acadêmico e social.
Ao final da solenidade, o auditório ecoou em uníssono os gritos de “Viva Elizabeth Teixeira!”, em um tributo à mulher que, mesmo centenária, permanece viva na memória coletiva e na luta do povo do campo.
Foto: Angélica Gouveia/Ascom/UFPB
