A cantora Elba Ramalho e o cantor Chitãozinho, para citar apenas dois artistas, estão bravos com um vídeo que caiu nas redes sociais usando imagens suas com inserções de imagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Advogados já foram acionados para processar o autor. No vídeo, aparecem mais artistas famosos cantando. A exploração do posicionamento de artistas e intelectuais na campanha presidencial deste ano tem sido alvo de controvérsia e de reclamação dos próprios protagonistas.
Há artistas declaradamente favoráveis à candidatura do ex-presidente da República, cujo registro foi barrado ontem pelo TSE, a exemplo de Chico Buarque de Holanda, que tem se manifestado desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Em recente temporada do show Caravanas por capitais brasileiras, Chico Buarque faz referências subliminares ao que define como injustiça contra Lula. Caetano Veloso é mais comedido nas intervenções acerca do tema, principalmente durante os shows que apresenta. Mas polemiza bastante, na imprensa, com opiniões ácidas a respeito de decisões judiciais.
Elba Ramalho chegou a ser interrompida em alguns shows por refrões pedindo Lula Livre e Fora Temer. Numa dessas ocasiões, em meio à surpresa da manifestação que irrompeu na plateia, Elba afirmou: Fora Temer e todos os políticos corruptos do país. De certo modo, há artistas que se sentem instrumentalizados por líderes políticos e por agremiações partidárias a fim de respaldar posições no pleito em curso. Outros estão engajados profissionalmente em campanhas, como contratados, com dinheiro a altos salários previamente acertados com as assessorias dos postulantes.
Risos na política Nem tudo é sisudez ou reclamação nos meios artísticos diante de exploração na campanha eleitoral. Há lugar para risos, de que são exemplos os espetáculos protagonizados por Jessier Quirino e Zé Lezin, em João Pessoa, fazendo comentários perspicazes e hilários sobre a conjuntura política, como descreve André Luiz Maia no Correio da Paraíba. Em O Presidente do Humor, o personagem criado por Nairon Barreto (Zé Lezin) faz uma leitura peculiar sobre o cenário político brasileiro usando a linguagem do matuto nordestino para mostrar a graça por trás dos momentos constrangedores e preocupantes da corrida eleitoral.
Veterano de palcos e show e dono de um público extremamente cativo, Nairon improvisa e sempre abre espaços no show para atender pedidos de piadas clássicas. Jessier se segura no olhar do matuto para construir seu Mentira Provisória A Verdade Eleitoral, respaldado por um olhar poético e contando com o auxílio de trilha sonora e jogo de iluminação para apresentar as contradições e complexidades do jogo político brasileiro. A peça é uma oportunidade de exercitar causos e verdades que vão de mentirolas carrapetas a mentirão de candidato, aproveitando o momento eleitoral, define Jessier. O público aplaude, é claro.
Da Redação, com Leandro Mazzini