O historiador e analista político José Octávio de Arruda Melo, autor do livro História da Paraíba que está na décima quarta edição, acredita que a Operação Lava Jato pode incompatibilizar candidaturas ligadas à corrupção, inclusive em nosso Estado, mas sustenta: Esse pessoal comprometido coma Lava Jato não vai querer largar a rapadura até porque o mandato é uma proteção, serve como imunidade. Falando ao Correio da Paraíba, numa projeção do que pode acontecer no ano eleitoral de 2018, José Octávio avalia ser cedo prognosticar se haverá grandes ou insignificantes mudanças na Assembleia Legislativa e na representação parlamentar em Brasília (Câmara e Senado).
Octávio alerta que para os políticos ser deputado é uma coisa e não ter mandato é outra completamente diferente. A renovação, de acordo com as suas análises, dependerá dos partidos maiores e mais estruturados como o MDB, PSDB e PT. O historiador entende que as mudanças deverão ser mais significativas na Assembleia Legislativa do que na bancada federal na Câmara. Explica que o fenômeno acontecerá por causa do custo das candidaturas para deputado estadual, que estão mais sujeitas às pressões do eleitorado local. Dificilmente a renovação ultrapassará o percentual dos 30%, ou seja, de 36 deputados na Assembleia, teoricamente apenas uma dezena de cadeiras será renovada, mantendo-se as outras 26 com atuais detentores de mandatos.
O cenário valeria, também, sugere Octávio, para presidente da República, cujos nomes são praticamente os mesmos que se desenharam desde a campanha de 2014, com exceção de Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment e perdeu o mandato, e de Aécio Neves, senador pelo PSDB de Minas Gerais, que ficou fora de qualquer cogitação presidencial depois que foi gravado supostamente pedindo propina a Joesley Batista, da JBS. Afirma-se que Neves terá dificuldades de sobrevivência nas urnas até mesmo em Minas Gerais, onde respingou o desgaste espalhado a nível nacional sobre a sua conduta antiética. Abstraindo Dilma e Aécio, que se enfrentaram em 2014,os nomes se repetem para este ano, como Luiz Inácio Lula da Silva, Marina Silva, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro. Entre 35 partidos que estão registrados no TSE, pelo menos dez deverão ditar as regras da campanha presidencial, possivelmente com candidatos ou em apoio a nomes de outras legendas. São eles: MDB, PSDB, PSB, PSD, PT, PDT, Progressistas, PTB, Psol e PCdoB. Não há espaço à vista para um azarão semelhante a Fernando Collor de Melo, que em 89 desbancou notáveis da política nacional e em 92 sofreu impeachment acusado de conivente com o esquema PC Farias.
Nonato Guedes