O deputado federal Veneziano Vital do Rêgo (PMDB-PB) voltou a tomar posição dissidente em relação ao governo do presidente Michel Temer, posicionando-se contra a reforma trabalhista que o Planalto encaminhou ao plenário da Câmara. O parlamentar paraibano justificou, após uma análise minuciosa dos termos da proposta, que ela é danosa aos interesses de trabalhadores e de segmentos produtivos, em alguns casos sinalizando retrocessos em conquistas alcançadas a duras penas em batalhas memoráveis.
Veneziano não tem escondido posições dissidentes contra o atual governo, desafiando sanções disciplinares da cúpula nacional do PMDB, que exige do parlamentar o seu enquadramento no princípio da fidelidade partidária. Por duas vezes consecutivas, o ex-prefeito de Campina Grande votou pela autorização para abertura de investigação contra o presidente Michel Temer, acusado de recebimento de propinas e outras irregularidades. Foi voto vencido nas questões, uma vez que a maioria da base, formada por outros partidos, barrou ensaios de contestação a Temer.
Por causa das posições dissidentes que tem tomado, Veneziano Vital sofreu punição da Executiva nacional do PMDB. Ele foi afastado do exercício de atividades burocráticas-funcionais em cargos de direção da legenda e a medida de represália foi condenada pelos senadores paraibanos José Maranhão e Raimundo Lira, que empreenderam gestões junto à cúpula peemedebista para que a punição fosse revertida, sob o argumento de que se revestiu de um caráter de retaliação muito forte. Os dirigentes nacionais, entretanto, mantiveram as medidas punitivas e exortaram o parlamentar por Campina Grande a manter compromissos com a legenda.
O deputado Veneziano Vital tem demonstrado, já há algum tempo, seu desconforto e também sua insatisfação com o tratamento que lhe viria sendo conferido pela direção nacional da legenda. Em entrevistas e pronunciamentos, criticou a ausência de democracia interna no PMDB, acentuando que isto compromete o histórico de um partido que teve papel marcante nas lutas pela redemocratização e que combateu a ditadura militar com o preço da perda de quadros cujos mandatos foram cassados no regime de exceção. Veneziano queixa-se, igualmente, que o presidente Michel Temer governa “de costas para a sociedade”, impondo medidas amargas a pretexto de estabilizar a economia e retomar o processo de desenvolvimento. “Não posso compactuar com medidas dessa natureza, claramente impopulares. Meu compromisso é com o povo”, advertiu Veneziano Vital ao comentar a hipótese de novas represálias para atingi-lo.
Nonato Guedes